Ouça ao vivo
Rádio Costa Oeste 106,5 FM

106,5 FM

Rádio Costa Oeste

Rádio Independência 92,7 FM

92,7 FM

Rádio Independência

Rádio Cultura 820 AM

820 AM

Rádio Cultura

Rádio Terra das Águas 93,3 FM

93,3 FM

Rádio Terra das Águas

Rádio Guaíra 89,7 FM

89,7 FM

Rádio Guaíra

Mais 43 trabalhadores são resgatados em situação de escravidão em Santa Catarina

Operação do Ministério Público do Trabalho em Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, durou oito dias e desmontou mais um esquema de tráfico de pessoas; um dos aliciadores foi preso em flagrante

Mais 43 trabalhadores são resgatados em situação de escravidão em Santa Catarina

Mais 43 trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão em fazendas de plantação de cebola de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí. Com esta operação, já são 98 trabalhadores retirados da condição de escravos na região só em 2020.

A operação mais recente foi realizada pelo Grupo Móvel, formado por integrantes da fiscalização do trabalho, Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Além do resgate dos trabalhadores, um aliciador foi preso em flagrante.

O resgate dos trabalhadores levou oito dias para ser finalizado. Segundo informações do MPT, os 43 resgatados eram vítimas de um esquema criminoso envolvendo tráfico de pessoas, servidão por dívida e até negociação de “passes” com a venda de trabalhadores. Três das vítimas conseguiram escapar de uma das propriedades e procuraram as autoridades e imprensa local para fazer a denúncia. Um dos aliciadores foi preso em flagrante.

O Auditor Fiscal do Trabalho Magno Riga conta que após a denúncia o Grupo Móvel percorreu várias propriedades. “Em quatro locais foi flagrada a situação análoga à de escravidão, onde os aliciados viviam em condições insalubres, sob ameaça de morte e vendo suas dívidas aumentarem, apesar do trabalho diário, muitas vezes tendo que pagar pelos equipamentos de proteção, tesouras usadas no corte de cebola e remédios quando necessários”.

Em alguns alojamentos foi verificado que o espaço era limitado para abrigar o número elevado de trabalhadores, além das condições de higiene serem precárias.

A servidão por dívidas também ficou caracterizada, já que os trabalhadores eram informados de todas as despesas que teriam e eram obrigados a continuar trabalhando até quitar as dívidas acumuladas, sob ameaça de morte em caso de abandono da plantação.

Salário com dívida antecipada

A promessa no ato do aliciamento era de R$ 3 mil de salário até o final da colheita de cebola, com desconto de R$ 450, mais R$ 200 para os alimentos e refeições realizadas fora da jornada diária, como em feriados e finais de semana. Segundo o MPT, os trabalhadores já viajavam para o destino “devendo” R$ 650.

De acordo com o MPT, a mão de obra escrava foi aliciada em vários estados do Nordeste por uma organização criminosa. Um dos aliciadores foi preso em flagrante e encaminhado à Polícia Federal de Itajaí. Ele teve a prisão preventiva decretada para não comprometer as investigações e segue detido. Deve responde criminalmente por aliciamento, escravidão por dívidas e tráfico de pessoas.

O Procurador do Trabalho Acir Alfredo Hack, coordenador da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação ao Trabalho Escravo) e membro do Gruo Móvel, já acompanhou outras operações ao longo do ano e afirma que “a cultura da cebola em Ituporanga é crítica, já que a figura do ‘gato’ e de organizações criminosas com aliciamento, tráfico de pessoas, servidão por dívidas e condições degradantes aumentaram assustadoramente na região”.

De acordo com Hack, estima-se que mais de 500 trabalhadores oriundos do Nordeste estejam trabalhando irregularmente nas plantações de cebola em Santa Catarina.

“Desde a primeira operação no final de julho até agora foram resgatados quase 100 trabalhadores e isso, infelizmente, é apenas uma amostra da dura realidade que enfrentamos”, declara.

O MPT firmou cinco Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com a obrigação de pagamento a título de danos morais coletivos, além de todas as verbas trabalhistas devidas aos empregados, acrescidas do valor das rescisões contratuais, para que retornassem às suas cidades de origem.

Fonte: ND Mais