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Nunca se sabe onde está uma despedida

  • 12/12/2016
  • Foto(s): Portal angels
Nunca se sabe onde está uma despedida
Nunca se sabe onde está uma despedida. Até no afã do até logo pode esconder-se um nunca mais.

Na frase infeliz, na simples conversa, algo pode estar morrendo, do amor ou da amizade.

Há despedidas que não são patentes. Não se lhes percebe o estalo do afastamento, que pode estar no instante de mau humor, na resposta infeliz, na alegria que não se repete ou na palavra que deixamos de dar e receber.

??s vezes, está na palavra que dizemos.Nem sempre as pessoas se separam: esgarçam-se às vezes.

Viver esgarça. ?? algo que se afasta sem romper completamente.

Também no que esgarça pode haver despedida pois, embora não haja perda de matéria, nunca mais será como antes.Despedir-se é sutil, nem sempre aparece.

Seres em mutação, vivemos a mudar sem saber. Na mudança, transforma-se em recordação o que antes era união e vontade, amizade ou convivência.

Tudo faz-se retrato, álbum, caderno, poema, carta, saudade ou memória.

 A despedida não é por querer: acontece a despeito. Um simples ???até já??? pode conter inimagináveis nuncas.

Ou sempres.Maravilhosa e cruel a vida! Tudo pode acontecer.

As ligações, salvo poucas, fazem-se precárias e falíveis.

Nosso destino é preso a acontecimentos semi-controláveis.

 Ou impulsos, cansaços, e as discordâncias, são imprevisíveis.

 E geram despedidas antes insuperáveis.Ninguém sabe de quem se afastará.

Nem quais as amizades e amores de toda a vida, nada obstante existam.

Raros captam a dor que estala em cada hipótese de despedida.

 Separar-se contém sempre a hipótese da despedida.

Por isso, uma dor sempre se infiltra em cada afastamento.

Algo se assusta, escondido em tudo o que se separa.

Ainda que para ir ali pertinho e logo voltar.

Quem viaja ameaça a despedida. ???Partir é morrer um pouco???. Dizem os franceses, e com razão.

Ainda que para encontrar-se depois, quem parte arrisca despedidas.

Por isso, a emoção subjacente percorre-lhe o mistério e a ???região das certezas absolutas???.

As grandes despedidas dão-se ??? contudo ??? sem que o percebamos.

 As que sabemos e sofremos não são despedidas completas, pois a saudade e a memória hão de trazer de volta o sentimento genuíno que agora causa dor.

As grandes despedidas infiltram-se no cotidiano e nos atos corriqueiros de cada dia sem ser percebidas.

Muitos anos depois, vamos verificar que disfarçado em dia-a-dia ali estavam e estalavam saudades antecipadas, vários nuncas dos quais jamais suspeitamos.

Nunca se sabe onde está uma despedida.A não ser muito depois.

Fonte: Portal angels

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