106,5 FM
Rádio Costa Oeste
A investigação da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (17), teve início após denúncias de um fiscal agropecuário federal Daniel Gouvêa Teixeira, que exerceu a função de chefe substituto do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal/SIPOA no Estado do Paraná. Ele tomou conhecimento da ocorrência de diversas remoções de funcionários do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) sem qualquer base em critérios técnicos ou consentimento dos interessados.
Conforme o despacho do juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, Teixeira denunciou Maria do Rocio Nascimento, que o convidou para assumir ao cargo, ao Sindicato dos Fiscais Agropecuários (Anffasindical) por assédio moral, em função dessas remoções. Ele foi exonerado e transferido.
Teixeira, posteriormente, verificou a ocorrência de diversas irregularidades em abatedouros suínos de pequeno porte, como aproveitamento de animais mortos para produção de gêneros alimentícios em outra unidade, pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários. Foi assim que ele tomou conhecimento da existência do esquema de corrupção envolvendo fiscais e chefes do Ministério da Agricultura do Paraná.
Segundo o despacho, os administradores de uma empresa em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, reclamaram para Teixeira sobre a exigência de pagamento de propinas a fiscais e agentes de inspeção, conhecida como 'ajuda de custo', para emissão de certificados para as cargas entregues em Curitiba. Esta prática seria comum a todos os frigoríficos fiscalizados pelo ministério no Estado do Paraná, inclusive com valor estabelecido pelo próprio órgão, por meio do Superintendente Federal de Agricultura. A empresa apresentou comprovantes bancários relativos à ???ajuda de custo???.
De acordo com o denunciante, em uma fiscalização realizada na empresa Peccin Agroindustrial Ltda em 2014 foi constatada a utilização de subproduto do abate de frango em substituição a carne na produção de diversos produtos expostos à venda em todas as regiões do Brasil. A prática foi empregada exclusivamente para o aumento dos lucros.
???As empresas investigadas na Operação Carne Fraca usavam vários artifícios, como aproveitar produtos vencidos, mudar rótulos e armazenagem inadequada, exclusivamente com a preocupação dos valores arrecadados, independentemente da saúde pública???, disse nesta sexta-feira o delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo.
Teixeira entregou gravações realizadas por outra pessoa que participou de reuniões com a diretoria da empresa. ???Segundo o declarante, desse material é possível aferir a existência de possível esquema de corrupção existente entre o Ministério da Agricultura no Estado do Paraná e as empresas fiscalizadas, bem como que sua exoneração da função de fiscalização da empresa foi motivada por requerimento do administrador da empresa formulado via telefone ao Superintendente do ministério em Curitiba. No mesmo dia em que determinou a suspensão das atividades da empresa Peccin, Teixeira foi afastado de suas funções pela sua superiora Maria do Rocio Nascimento, recém nomeada para o cargo, por portaria assinada pelo chefe de Defesa Agropecuária Charlen Henrique Saconatto e pelo Superintendente Gil Bueno Magalhães???, traz o despacho.
Teixeira também denunciou irregularidades envolvendo a empresa Primos, com o pagamento de vantagens ilícitas ao fiscal Eraldo Cavalcanti Sobrinho. Os fatos foram confirmados por uma ex-funcionária.
Fonte: Agência Brasil
