Na última terça-feira, a Fifa anunciou um gancho pesado a Lionel Messi e o suspendeu dos próximos quatro jogos da Argentina pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2018, depois que o craque foi flagrado xingando o bandeirinha brasileiro Emerson Augusto de Carvalho durante a vitória sobre o Chile, na última quinta-feira.
Uma punição considerada "insólita" pelos Albicelestes, que já prometeram recorrer para evitar a perda de seu camisa 10.
Esse, porém, é só mais uma batalha perdida na "guerra" que a AFA (Associação de Futebol Argentino) e a seleção argentina vêm travando contra a entidade que rege o futebol mundial nos últimos meses.
E principalmente depois que se agravou a crise que deixou a AFA sem comando (no momento, ela é chefiada por um comitê temporário nomeado pela Fifa) e fez até mesmo o presidente da Argentina, Mauricio Macri, decretar que o futebol do país está em "estágio terminal".
No início de março, por exemplo, a Fifa já havia punido a AFA porque a Associação, que está em processo de escolher candidatos para eleição presidencial, determinou que um colegiado de advogados de Buenos Aires, e não o Comitê de ??tica da Conmebol, seria o responsável por determinar a idoneidade dos postulantes ao cargo presidencial.
A Fifa não aceitou essa atitude, e, em conjunto com a Conmebol, advertiu a organização, dizendo que suspenderia a Argentina caso suas determinações não fossem cumpridas.
"Se não for cumprido [...], o assunto será avaliado pelos órgãos tanto da Conmebol quanto da Fifa, para quer, se for o caso, sejam tomadas as medidas oportunas, o que podería resultar em uma possível sanção, e entre as opções pode estar a suspensão da AFA", escreveu o presidente do Comitê Regularizador da Fifa, Armando Pérez, em 1º de março.
Além disso, a Fifa também já descartou alguns dos favoritos na eleição da AFA, como o apresentador de televisão Marcelo Tinelli e o sindicalista Hugo Moyano, que comanda o Sindicato dos Caminhoneiros da Argentina e também o poderoso Independiente. Claudio "Chiqui" Tapia, que está atualmente no comando da AFA, também não deve seguir.
Segundo o jornal Clarín, os favoritos da Fifa para assumir a associação são Daniel Angelici, mandatário do Boca Juniors, Matías Lammens, presidente do San Lorenzo, ou Alejandro Marón, que trabalha na própria entidade suíça (na Câmara de Resoluções e Disputas), além de ser assessor jurídico da Conmebol na América do Sul.
No entanto, os clubes argentinos não engolem Angelici, Lammens já avisou que não passará por cima do amigo Marcelo Tinelli (também torcedor fanático do San Lorenzo) e Marón não está disposto a abrir mão de seus empregos na Fifa e na Conmebol para assumir uma AFA completamente endividada e com centenas de problemas para resolve.
A Fifa também foi contra a AFA na briga entre a Associação e os times argentinos.
No final do ano passado, 15 clubes se reuniram e enviaram uma carta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, pedindo para ele intermediar a briga por uma dívida de 350 milhões de pesos argentinos (R$ 58 milhões) que a AFA tinha com as equipes da elite.
Sem que isso fosse pago, os times ameaçavam não iniciar o Campeonato Argentino, o que de fato acabou acontecendo, com a briga se arrastando por meses e o torneio sendo só sendo iniciado após inúmeras reuniões e acordos entre as agremiações e a AFA.
No fim das contas, Infantino deu parecer favorável aos clubes, que receberam o dinheiro e conseguiram aliviar um pouco o caos financeiro que vivem - o que também possibilitou que o Campeonato Argentino fosse iniciado. Já a AFA ficou com os cofres ainda mais vazios.
Nas atuais eliminatórias sul-americanas, a Fifa também prejudicou a Argentina, desta vez indiretamente, ao punir a Bolívia com perda de pontos pela escalação irregular do paraguaio naturalizado boliviano Cabrera em duas partidas.
A punição fez com que a Bolívia fosse perdesse os quatro pontos que havia conquistado na vitória por 2 a 0 sobre o Peru, em casa, e no empate por 0 a 0 com o Chile, fora de casa. A mudança na pontuação beneficiou o Chile e complicou os argentinos, que ambos brigam, ao lado do Equador, ponto a ponto por vagas para o próximo Mundial.
A Bolívia ainda apresentou defesa e apelou à Fifa para que a punição fosse revertida, mas o gancho foi mantido e os quatro pontos foram mesmo retirados, enfurecendo a Argentina, que vive momento complicado, com muita pressão em cima do técnico Edgardo Bauza e ainda sem Messi, seu principal jogador, para os próximos jogos.
Os bolivianos, por sua vez, estão recorrendo no TAS (Tribunal Arbitral da Esporte).
Fonte: ESPN