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Notas de R$ 2 “importadas” estão circulando no Brasil

  • 09/04/2017
  • Foto(s): Divulgação
Notas de R$ 2 “importadas” estão circulando no Brasil
Muito provavelmente poucas pessoas percebem detalhes nas notas de R$ 2 que passam pelas mãos diariamente. Itens como número de série, letras gravadas na cédula e empresa de fabricação passam despercebidos. Por isso, é provável que muita gente não tenha notado que esteve ou está com uma nota de R$ 2 ???estrangeira???. A leva de 100 milhões de cédulas produzidas na Suécia, pela empresa Crane AB, já está em circulação e, segundo especialistas, é bem comum de ser encontrada.

A importação do dinheiro é desdobramento de uma Medida Provisória (MP 745/2016) que acabou se tornando a Lei 13416/2017. O texto final autoriza o Banco Central a comprar, sem licitação, papel moeda e moeda metálica de Real fora do país e produzido por empresa estrangeira. A condição para a compra é que haja uma situação de emergência.

Para a aquisição das 100 milhões de cédulas de R$ 2 o Banco Central do Brasil (BCB) desembolsou R$ 21,17 milhões. A situação de emergência, de acordo com a assessoria do BCB, é ???em razão de problemas técnicos e operacionais relatados pela Casa da Moeda do Brasil, resultando na fundada incerteza quanto ao atendimento de 27% do Programa Anual de Produção de Cédulas de 2016???.

Segundo a Casa da Moeda do Brasil (CMB), de fato houve incerteza quanto a produção. A empresa reforça porém, que cumpriu o Programa Anual de Produção antes mesmo do prazo determinado, 31 de dezembro de 2016, e que tem ???capacidade de produzir todo o meio circulante nacional [cédulas e moedas]???.

Soberania

Especialistas em numismática que já encontraram as notas circulando enxergam a medida como curiosa, ???boa??? para a numismática, por não acontecer com regularidade, mas ruim por afetar na soberania da CMB na produção nacional. Na ocasião da aprovação da lei, os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também fizeram o alerta para o fato de o texto ferir a soberania nacional. Ambos criticaram também a falta de critério para a autorização da importação.

Como identificar os R$ 2 ???estrangeiros????

Para reconhecer o Real ???gringo??? é preciso ficar atento aos detalhes. A primeira particularidade são as letras DZ, seguidas de um número sequencial, gravadas na nota sueca. A letra D indica o ano de fabricação e, como 2016 foi o quarto ano de produção de notas de R$ 2, ele leva a quarta letra do alfabeto. A segunda letra indicaria o mês de produção da cédula (A para janeiro, B para fevereiro e assim por diante). No caso da nota importada foi usada a letra Z, que, obviamente, não corresponde ao mês. Rogerio Bertapeli, especialista em numismática, acredita que a opção foi feita justamente para mostrar que a nota não é produzida aqui.

Outra diferença está em números que quase ninguém sabe que existem. Próximo ao escrito ???Deus seja Louvado???, gravado na nota, ficam marcadas uma sequência de letras e números que indica o valor de face da cédula e a posição dela na folha de impressão. Em notas de R$ 1 a sequência sempre inicia com a letra A, as de R$ 2 com a letra B, R$ 5 com C e assim por diante. No caso da nota fabricada fora do país, a letra que inicia a série é Y.

Por fim, uma diferença ainda mais sutil é o nome da empresa em que a nota foi produzida. Nas notas brasileiras está escrito sempre Casa da Moeda do Brasil. Já na nota importada está grafado o nome Crane AB, que foi a empresa responsável pela produção.

Histórico de importações

Essa não é a primeira vez que o Brasil manda produzir dinheiro em outros países. A primeira ocasião foi em 1994 na implantação do Plano Real, por causa da mudança de moeda e pela necessidade de uma produção em uma escala muito grande. Na primeira importação, foram produzidas notas de R$ 5 na Alemanha, pela empresa Giesecke & Devrient GmbH, de R$ 10 na Inglaterra, pela Thomas de La Rue & Company Limited, e de R$ 50 na França, pela François-Charles Oberthur Fiduciaire (FCO). No caso das notas de 1994 o valor é de fato maior para colecionadores, não só por terem sido produzidas em outros países, mas principalmente pela raridade e por não estarem em circulação há um bom tempo.

Fonte: Gazeta do Povo

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