Notícias veiculadas pela imprensa nas últimas semanas geram preocupação e dúvidas entre empresários e usuários de rodovias pedagiadas em todo o Paraná. As reportagens falam em aumento nas tarifas em cerca de 30% em prazo de um ano. Caso a informação seja verdadeira, líderes do Oeste do Paraná, região que devido sua distância média superior a 500 quilômetros do Porto de Paranaguá, temem que o transporte rodoviário e, por consequência, várias atividades econômicas, sejam seriamente afetadas. Alguns chegam a dizer que cadeias produtivas inteiras, com um aumento tão elevado (oito vezes acima do índice oficial da inflação acumulada em um ano), simplesmente correm o risco de ficar inviabilizadas.
Líderes e empresários, diante dessa e de outras notícias que se mostram desencontradas, procuram o presidente da Acic, Edson José de Vasconcelos, para ter mais detalhes ou algum outro esclarecimento. "Tenho recebido cobranças dos mais diferentes tipos. Muita gente está preocupada com a falta de clareza em torno de uma informação que, se comprovada, trará enorme impacto e repercussão não apenas na economia do Oeste do Paraná, que será sim a mais prejudicada, mas de todo o Estado e consequentemente do Brasil", afirma ele. Hoje, a região já paga a tarifa mais cara de pedágio do Paraná e do País. Apenas no trecho de cerca de 140 quilômetros entre Cascavel e Foz do Iguaçu, o valor chega próximo de R$ 20 a cada cem quilômetros percorridos, quase o dobro do de outras regiões do Oeste e várias vezes mais caro no comparativo com outras rodovias brasileiras.
A região Oeste, a maior produtora de grãos e carnes do Estado, depende com força do modal rodoviário, por isso o peso da tarifa do pedágio na sua economia, e no bolso dos agricultores, é surpreendentemente alto. Cerca de 90% das riquezas da região com destino a outros mercados seguem ao Porto de Paranaguá em caminhões e em grande parte do trecho em pista simples. Ou seja, o prejuízo apenas no transporte ligado à safra de 2016/2017 chega aos R$ 300 milhões. Esse número impulsiona outra bandeira considerada urgente e fundamental para a economia do Oeste, de um novo traçado ferroviário ligando a região ao litoral do Estado. A diferença no preço entre os dois modais é superior a 30%.
Duplicação
Além de informações dando conta de aumento de 30% nas tarifas do pedágio em prazo de um ano há outra notícia considerada desencontrada. Falava-se em duplicação de dez quilômetros em Cascavel, inclusive em trecho entre o Trevo Cataratas e a Ferroeste, e agora, com as obras em andamento, a distância com pista dupla seria de apenas 3,5 quilômetros. E há outra coincidência no mínimo curiosa nisso tudo. De redução do percurso da duplicação em Cascavel para o anúncio e início de obras na BR-277, em Guarapuava.
Entre os aspectos considerados no mínimo chamativos nesse contexto está o fato de o presidente da Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná), que trata sobre as concessões do pedágio, ser o ex-prefeito de Guarapuava, César Augusto Silvestre. E ainda que o atual prefeito de Guarapuava é o filho de César, César Silvestre Filho. A obra já em andamento na região de Guarapuava tem custo estimado de R$ 77 milhões, e o trecho é de 6,5 quilômetros de extensão.
Fonte: catve