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Rádio Costa Oeste
O Ministério do Interior do Iêmen, controlado por rebeldes houthis, anunciou nesta segunda-feira (4) a morte do ex-presidente Ali Abdullah Saleh em sua tentativa de deixar a capital do país, Sanaa. Aliados de Saleh e o partido oficial do Iêmen confirmaram a informação, de acordo com as agências internacionais.
A casa de Saleh em Sanaa havia sido alvo de um ataque mais cedo nesta segunda-feira, mas os relatos sobre o local de sua morte divergem. Vídeos que supostamente mostram seu corpo enrolado em um cobertor sendo carregado por pessoas a céu aberto foram publicados em redes sociais, mas a autenticidade dos registros não foi confirmada.
Saleh, que abandonou a presidência do país em 2012, foi aliado dos houthis durante três anos na guera civil iemenita, contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita. O ex-presidente havia rompido oficialmente com o grupo no último sábado (2).
No sexto dia de combate urbano pesado na capital, os houthis, alinhados com o Irã, ganharam espaço na disputa com os apoiadores do ex-presidente.
Nesta segunda-feira, a coalizão saudita realizou novos bombardeios aéreos contra Sanaa. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 125 pessoas morreram e 238 ficaram feridas nos conflitos da capital nos últimos dias.
Ali Abdullah Saleh, foi presidente do Iêmen do Norte (como era reconhecida a República Árabe do Iêmen) de 1978 até a unificação com o Sul, em 1990. Ele permaneceu no comando do país ao longo de duas décadas. Durante o período, o líder se notabilizou por um estilo maquiavélico de comando, com a formação de alianças de ocasião, inclusive com antigos oponentes.
Em 2011, durante a Primavera Árabe, os protestos contra seu governo cresceram, e Saleh chegou a ser alvo de um ataque a bomba que matou diversos de seus gurada-costas e o deixou ferido. Ele deixaria oficialmente a Presidência, em fevereiro de 2012, para seu vice e então aliado, Abdrabbuh Mansur Hadi - com o qual romperia.
Com um governo fraco, insurgentes houthis, em sua maioria xiitas, tomaram a capital em 2015 com o apoio de Saleh, um antigo adversário. Hadi conseguiu fugir e estabeleceu-se em Aden, no sul do país.
Desde a intervenção saudita, que apoia Hadi, mais de 8.000 pessoas foram mortas em combates, incluindo milhares de civis, segundo a ONU. Os bombardeios aéreos apoiados por Riad são alvo de críticas de diversas organizações internacionais.
O conflito, somado a um bloqueio imposto pelos sauditas, tem causado uma das maiores emergências humanitárias do mundo, incluindo um surto de cólera que pode ter matado 2.000 pessoas adesde abril.
Fonte: g1