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Detentas tentam se redimir fazendo rosários para missa do Papa

Na prisão feminina Virgem de Fátima, 72 reclusas montaram 33 mil rosários

Detentas tentam se redimir fazendo rosários para missa do Papa

Cynthia Pérez foi presa por tráfico de drogas e Margarita Benavente por furto: agora as duas tentam se redimir fazendo os rosários que serão vendidos na missa campal que o papa Francisco oficiará em Lima.

Elas têm a esperança de assim estar um pouco mais perto da liberdade.

"Queremos que o papa interceda por nossa liberdade. Com os rosários, estamos mais perto do Senhor, cada vez que os monto, sinto uma paz interior", comenta Benavente entre lágrimas.

Benavente e Pérez são duas das 259 reclusas da Virgem de Fátima, uma prisão feminina situada em Chorrillos, sul de Lima, e um dos 12 presídios peruanos onde estão fabricando manualmente 300.000 rosários que serão vendidos para arrecadar fundos para financiar a visita do Papa na próxima semana.

"Seria uma bênção que ele viesse a esta cadeia. Somos pessoas que cometeram delitos, mas acho que já pagamos, estas lágrimas não são de pena, são de felicidade", diz Benavente, sentenciada a 13 anos.

"Estou oito anos presa, e tive oito patologias clínicas e três vezes tuberculose, agora quero que o papa venha para que derrame sua bênção sobre os peruanos", acrescenta a mulher de 61 anos.

Na Virgem de Fátima, 72 reclusas montaram 33.000 rosários encomendados pelo Arcebispado de Lima para serem vendidos a 10 soles (pouco mais de três dólares) nas paróquias da cidade e na missa papal.

 

Na entrada da prisão há uma estátua da Virgem de Fátima e dos três pequenos pastores que juraram tê-la visto, Lúcia, Francisco e Jacinta.

A diretora da penitenciária, Ana Urraca, explica que as internas querem que o papa saiba que estão motivadas por sua visita.

"Seria interessante que ele, em sua agenda, considerasse a visita a algum centro penitenciário como faz em outros países", afirma Urraca.

São 1.260 detentos, homens e mulheres, de 12 prisões que estão confeccionando os rosários com pequenas contas de madeira com o rosto do papa Francisco e um crucifixo, peçam que devem ser introduzidas pacientemente em um fio de nylon.

Cynthia Esther Pérez, de 34 anos, cada vez que monta um rosário pede perdão a Deus e se sente aliviada da culpa.

"Sentimos que nosso delito está perdoado porque fazemos os rosários meditando. Cada conta que colocamos no fio é para nós um perdão", explica Pérez.

Ela, que usava uma camiseta com a foto de Francisco durante a visita da equipe da agência AFP ao presídio, diz que o milagre maior que poderia conceder o papa era sua liberdade para ficar com sua filha que deixou quando tinha 4 anos.

"Peço perdão por meus erros a minha filha, a minha família, a meu esposo e à sociedade", afirma.

 

Rosario Reategui de 51 anos, condenada a 22 anos por extorsão, explica que se sente super-abençoada porque "o papa é nosso representante no mundo".

As detentas fazem seu trabalho cantando "Unidos pela esperança, papa Francisco".

O sacerdote Luis Gaspar, da equipe organizadora da visita do papa, explicou à imprensa que parte do dinheiro arrecadado financiará o transporte e a alimentação dos 9.000 jovens voluntários que terão a função de guardas papais.

Outra parte do dinheiro será para os reclusos que trabalharam nos rosários.

O papa chegará a Lima em 18 de janeiro, para uma visita de três dias, em uma viagem que começará no Chile.

Visitará Puerto Maldonado, na região amazônica peruana, e a cidade de Trujillo, no litoral norte, e oficiará uma missa campal no domingo, dia 21, na base aérea Las Palmas, não muito longe do presídio da Virgem de Fátima.

Fonte: g1

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