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Policiais denunciam torturas em treinamento que deixou um morto na Argentina

Policial de 19 anos morreu após ser internado com desidratação extrema e falência múltipla de órgãos

Policiais denunciam torturas em treinamento que deixou um morto na Argentina

Os cadetes de polícia que foram submetidos a um treinamento feroz sob um tórrido calor em La Rioja, noroeste da Argentina, causando a morte de um deles e a internação de outros 14, sofreram torturas, denunciaram nesta segunda-feira (12) diversos familiares.

"O que fizeram com esses meninos neste dia não foi um treinamento, foi tortura. Maltrataram eles, bateram neles, fizeram barbaridades com eles. Meu irmão foi morto. Parece um relato da ditadura militar", denunciou Roque Garay, em declarações à FM La Patriada.

Seu irmão, Emmanuel Garay, de 19 anos, morreu neste sábado, cinco dias depois de ter sido hospitalizado com desidratação extrema e falência múltipla de órgãos. Outras 14 pessoas deram entrada com quadros similares, mas menos graves.

"Há outros meninos que estão lutando pela vida. Meu irmão não é um caso isolado que caiu sozinho porque não estava fisicamente preparado", afirmou Roque, classificando como criminosos os encarregados do treinamento, denunciados à Justiça pela família.

Há uma semana, no primeiro dia de formação, os cadetes de polícia da província de La Rioja foram submetidos a um treinamento muito duro sob sol, em um dia com temperatura de 40ºC, sem que pudessem tomar água, afirmou à rádio FM La Patriada o ministro de governo provincial, Juan Luna.

Segundo ele, 15 foram internados entre segunda e quarta-feira. "O que aconteceu é gravíssimo. Estamos consternados. Não deveria acontecer", disse Luna.

 

Ação penal

 

O governo local abriu uma ação penal e afastou a cúpula da polícia, e a Justiça ordenou a prisão de quatro comissários e quatro oficiais, acusados de homicídio e de violação do dever do funcionário público.

A ministra argentina de Segurança, Patricia Bullrich, expressou, pelo Twitter, "muita tristeza" pela morte de Garay.

"Todos devemos redobrar esforços para evitar que se repitam estas práticas", tuitou Bullrich, defensora das forças de segurança.

 

'Foi espancada'

 

Graciela Chumbita é mãe de Jacqueline, uma cadete de 19 anos que estava na mesma prática que Garay e está hospitalizada há uma semana, embora melhorando aos poucos.

"Minha filha está em estado muito delicado. Ela foi com um sonho (de ser policial), mas foi espancada, suas roupas estavam rasgadas. Ela foi muito maltratada", disse ela ao canal TN em La Rioja.

Na Argentina, o episódio evocou o "Caso Carrasco", quando, em 1994, o soldado recrutado Omar Carrasco foi assassinado durante um "exercício" em um quartel do exército em Neuquén (sudoeste). O crime que chocou os argentinos marcou o fim do serviço militar obrigatório, em vigor desde 1901.

Fonte: G1

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