O juiz Davi Pinto de Almeida, da Vara de Justiça Militar Estadual, aceitou a denúncia do Ministério Público contra 15 policiais rodoviários estaduais de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, suspeitos de crimes como corrupção e associação criminosa.

Na denúncia, de 59 páginas, o MP relata 37 crimes apurados durante as investigações. Segundo os promotores, havia um esquema organizado para arrecadar dinheiro de motoristas.

Ainda segundo a denúncia, o esquema era organizado e comandado por um subtenente, responsável pelas escalas e pelas equipes policiais no posto da PRE em Francisco Beltrão.

Entre as provas estão trocas de mensagens, conversas telefônicas e gravações feitas com uma câmera escondida dentro de uma viatura da Polícia Rodoviária Estadual (PRE).

Vídeos divulgados em fevereiro deste ano por investigadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) mostram os policiais contando dinheiro várias vezes.

Nas imagens, é possível ver os policiais tirando o dinheiro da própria farda e guardando no boné da corporação. O resultado da contagem agrada a um dos policiais. "Deu bom o plantãozinho, hein?".

Todos os motoristas ouvidos durante o processo confirmaram que efetivamente havia pagamento de valores aos policiais que realizavam abordagens para diversos fins: para evitar autuações que não caberiam, para evitar apreensão de veículos irregulares e para evitar fiscalizações.

No despacho, o juiz afirma que "os fatos trazidos pelo Ministério Público na denúncia são gravíssimos, envolvendo 15 policiais militares que atuavam na região sudoeste do Paraná que estariam reiteradamente exigindo propina de usuários da rodovia".

O juiz disse ainda que "as vantagens indevidas, obviamente, implicavam em uma contraprestação, qual seja, permitir que os condutores prosseguissem na prática de infrações de trânsito ou crimes de contrabando ou descaminho".

O magistrado também afirma que "'este quadro trágico de conhecimento geral, sem dúvida, constitui uma afronta à ordem que deveria imperar nas rodovias que cortam o Estado do Paraná".

Todos os policiais rodoviários que viraram réus estão presos em Curitiba. A Justiça já marcou a primeira audiência do processo para o dia 23 de março.

Fonte: g1