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Rádio Costa Oeste
Forças do governo da Síria e milícias aliadas estupraram e agrediram sexualmente mulheres, meninas e homens como forma de punir comunidades opositoras – atos que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, disseram investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (15).
Em um relatório desalentador, eles revelaram que grupos rebeldes envolvidos na prolongada guerra civil síria também cometeram crimes de violência sexual e tortura, mas estes foram "consideravelmente menos comuns".
O relatório também informou que militantes do Estado Islâmico executaram mulheres e meninas por apedrejamento devido a supostos adultérios, obrigaram meninas a se casar e perseguiram homens homossexuais.
"É absolutamente repugnante que atos brutais de violência sexual e de gênero tenham continuado a ser perpetrados por toda a Síria durante sete anos pela maioria das partes em guerra", disse o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, diretor da Comissão de Inquérito da ONU, em um evento da entidade.
O relatório, publicado no momento em que a Síria entra no oitavo ano do conflito, se baseou em 454 entrevistas com sobreviventes, parentes, testemunhas, desertores e pessoal médico. O documento recomendou que o Conselho de Segurança da ONU encaminhe suas descobertas ao Tribunal Penal Internacional para a abertura de possíveis processos.
Karen AbuZayd, comissário norte-americano da Comissão, disse que os casos documentados representam "a ponta do iceberg".
Forças do governo estupraram civis durante buscas em casas e operações terrestres nos estágios iniciais dos combates, e mais tarde em postos de segurança e instalações de detenção, segundo o relatório. A vítima mais jovem de que se tem conhecimento foi uma menina de nove anos.
"O estupro de mulheres e meninas foi documentado em 20 repartições políticas do governo e da inteligência militar, e o estupro de homens e meninos foi documentado em 15 repartições", disseram os investigadores de crimes de guerra da ONU.
Os especialistas independentes – que compilam listas confidenciais de suspeitos desde 2011 – não identificaram perpetradores individuais, mas disseram ter documentado "numerosos" casos de estupros cometidos por autoridades de alto escalão.
Fonte: G1