"Ele é muito bonzinho. Isso no futebol às vezes é um problema, mas para ele foi uma vantagem".
A frase de um antigo membro da comissão técnica do Corinthians ajuda a explicar como o zagueiro Felipe, escalado nesta quarta-feira contra o Cerro Porteño-PAR, passou por cinco temporadas até se tornar um dos protagonistas da nova equipe de 2016 que vai a campo em Assunção pela Copa Libertadores.
A diferença que o zagueiro tem no desempenho da equipe na temporada começa nos números: em 720 minutos com Felipe, o Corinthians sofreu dois gols. Em 180 minutos sem ele, foi vazado quatro vezes. Era exatamente nisso que a direção corintiana apostava quando colocou a mão no bolso e gastou R$ 13 milhões, aproximadamente, para impedir a perda de outro titular para a Europa.
Para construir um dos zagueiros em melhor momento no futebol brasileiro, o Corinthians apostava em características de comportamento, técnicas e físicas que tem Felipe. Foi o que chamou a atenção do observador Mauro da Silva, responsável por indicar o jogador que defendia o Bragantino na Série B 2011.
Um dos dados que a comissão técnica apostava é do auxiliar de preparação física Fabrício Ramos e indica um índice impressionante de rapidez de reação no enfrentamento com os atacantes adversários. Outro diz respeito ao que se costuma chamar de impulsão vertical e faz de Felipe um jogador acima da média nas bolas aéreas, sobretudo ofensivas. Com quatro gols, foi o artilheiro do elenco entre os jogadores de defesa em 2015.
Mas, como os torcedores corintianos mais atentos sabem, Felipe teve momentos muito complicados. Foi aí que fez diferença ser o "bonzinho" da história: por um lado, na concorrência interna, a postura atrapalhava. Ele não se impunha sobre os demais zagueiros. Em 2012, ficou dois meses sem jogar, entre abril e junho, e mais três meses, entre julho e outubro. Foram só quatro jogos na temporada de estreia. Foram quatro anos até virar titular. Mas o fato de ser tão sereno e aceitar as críticas de forma positiva, fizeram a diferença a favor dele. Nunca houve reclamações por ter tão poucas oportunidades.
Quem sentiu na pele tudo isso foi Edu Dracena, contratado em 2015 para ser titular, mas que chegou a reclamar internamente do carinho excessivo de colegas mais antigos e da comissão técnica por Felipe. Agora, ele se vira como o principal zagueiro do elenco, já sem Gil e o próprio Dracena, e trabalha com o empresário mais poderoso do futebol brasileiro, Giuliano Bertolucci.
"O Gil era um dos líderes e eu gostava de ouvir bastante", conta Felipe, que orientou o experiente Vílson em diversos momentos em sua estreia contra o São Paulo. "Pelo que aconteceu comigo, consigo opinar bastante e falar", explica o zagueiro, capitão da equipe nesse clássico.
"O Felipe está desde 2012", lembra o goleiro Cássio. "Ele é bem maduro, passou por momentos bons e ruins, trabalhou forte e conseguiu se firmar. A tendência é evoluir mais e chegar à seleção futuramente. ?? passo a passo. Para o goleiro, é importante que a linha defensiva passe segurança, e eles com certeza passam", acrescentou o colega de defesa.
Na volta ao Paraguai, Felipe tem então a oportunidade de provar de vez sua ascensão. Há um ano, ele ainda buscava se afirmar e falhou em lance crucial para a eliminação pela Libertadores contra o Guaraní. Agora parece pronto para alcançar um novo patamar, como indica seu desempenho desde então.
FICHA T??CNICA
CERRO PORTE??O x CORINTHIANS
Local: Estádio Defensores Del Chaco, em Assunção (Paraguai)
Data: 09 de março de 2016, quarta-feira
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Diego Haro (Peru)
Assistentes: Braulio Cornejo e Coty Carrera (ambos do Peru)
CERRO PORTE??O: Anthony Silva; Carlos Bonet, Junior Alonso, Bruno Valdez e Victor Mareco; Fidencio Oviedo, Jorge Rojas, Marcelo Estigarribia e Marcos Riveros; Guillermo Beltrán e Luis Leal. Treinador: César Farias
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique; Giovanni Augusto, Rodriguinho, Guilherme e Lucca; André. Treinador: Tite.
Fonte: UOL