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Rádio Costa Oeste
Em dezembro de 2017, médicos brasileiros do Hospital das Clínicas da USP conseguiram um feito inédito no mundo inteiro: uma mulher que recebeu um útero de uma doadora já falecida deu à luz um bebê saudável. Agora, detalhes do caso foram publicados na revista "The Lancet", nesta terça (4).
“É uma das principais revistas médicas do mundo, então o estudo adquire uma chancela de qualidade”, avalia Dani Ejzenberg, um dos médicos líderes do estudo e supervisor do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas.
Toda a equipe que participou do procedimento é brasileira e está ligada ao Hospital das Clínicas.
Tudo começou em 2016, quando uma mulher de 32 anos, que tinha nascido sem útero por causa de uma síndrome (Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser), recebeu o órgão de uma doadora já falecida.
Outros transplantes de útero com doadoras falecidas já tinham sido realizados no mundo, mas nenhum bebê tinha nascido depois desse procedimento — até o caso brasileiro.
“É um feito histórico — o primeiro caso sempre marca”, diz Wellington Andraus, também primeiro autor do estudo e coordenador do serviço de transplante de fígado do Hospital das Clínicas. Ele foi um dos médicos que realizou o transplante.
Depois do transplante, os médicos retiraram o útero. Desde o transplante feito em 2016, eles realizaram uma nova tentativa, em fevereiro de 2017, mas o órgão teve que ser retirado por conta de uma trombose que a paciente sofreu.
Para os cientistas, o transplante simboliza mais uma possibilidade não só de tratamento de infertilidade, mas também de melhora na qualidade de vida das pacientes.
"A adoção é uma opção para ter um filho, mas não é uma opção para ter um filho biológico. E tem gente que faz questão. A barriga de aluguel não está disponível para todas as mulheres. A mulher que quer ser mãe muitas vezes quer engravidar também, porque faz parte do processo. É difícil julgarmos a opção de cada um", opina Andraus.
Ejzenberg acredita,porém, que ainda é cedo para que o procedimento seja incorporado ao SUS, por exemplo, porque é preciso estudar melhor o processo. Ele avalia que a possibilidade de receber o órgão de uma doadora falecida pode ajudar, no entanto, a universalizar o processo, pois vários países já têm redes de captação de órgãos.
Fonte: G1