O ex-padre João Marcos Porto Maciel, também conhecido como Dom Marcos de Santa Helena, foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado, por estupro de vulnerável continuado e majorado. A decisão é do Leonardo Bofill Vanoni, da 2ª Vara da Comarca de Caçapava do Sul, na Região Central do Rio Grande do Sul. O religoso, que foi preso em dezembro de 2014, era acusado de abusar sexualmente de menores entre 2007 e 2010.
Segundo os autos dos processos, Dom Marcos ganhava a confiança de jovens e familiares, fazendo com que os menores ficassem estudando música sob sua supervisão. "Trata-se, salvo melhor juízo, de um típico perfil de criminoso sexual em série: planeja seus atos, calcula com frieza seus passos, escolhe suas vítimas, age sempre de forma semelhante, comete infrações da mesma espécie, etc", escreveu o juiz Leonardo Bofill Vanoni, da 2ª Vara da Comarca de Caçapava do Sul, em sua decisão.
O processo tratava de dois crimes cometidos, mas em um deles a punibilidade foi extinta porque a lei que prevê este tipo de infração é de 2009, e o fato aconteceu entre 2007 e 2008. Em relação a uma acusação por posse de arma de fogo, o religioso foi absolvido devido à atipicidade material do delito, já que a acusação se fundava no vencimento dos registros das armas.
Mais sobre o caso
Maciel passou a ser investigado após uma reportagem da RBS TV, que mostrou um livro escrito por uma das supostas vítimas, no qual foram relatados abusos sofridos.
No dia da prisão, a Polícia Civil apreendeu um videogame, computadores, doces, dinheiro e duas armas no templo. Dois adolescentes disseram para a polícia terem sofrido abusos sexuais. Os crimes teriam ocorrido no templo durante as aulas de Dom Marcos.
Além desses casos, mais quatro adultos disseram ter sido vítimas do religioso nas décadas de 1960 e 1970. A polícia divulgou um áudio de uma conversa entre o religioso e uma das supostas vítimas, em que ele é questionado sobre o possível crime e não nega.
A polícia acredita que o religioso, excomungado da Igreja Católica em 2009 e da Anglicana em 2011, cometia os crimes há mais de 50 anos em mais quatro estados.
Em entrevista à RBS TV, quando o assunto veio à tona, Dom Marcos negou os crimes. "Ele não sabe o que dizer para impressionar as pessoas que o escutam", afirmou, referindo-se ao autor do livro que diz ter sido abusado.
"Não li nem me interesso em ler. Diz tudo quanto é coisa que lhe vem à cabeça, e o papel aceita tudo o que se escreve. Ele pagando, já que certamente pagou pela impressão, pode dizer o que quer e pronto", afirmou o religioso.
Fonte: G1