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Rádio Costa Oeste
Após quase cinco anos da morte de Bernardo Boldrini, o caso está se encaminhando para um desfecho. O julgamento, que indicará se os quatro réus são inocentes ou culpados, começa na manhã desta segunda-feira (11) em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Entres os acusados, estão o pai e a madrasta do menino, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini. Respondem também pelo crime os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz.
O julgamento será conduzido pela juíza Sucilene Engler, a partir das 9h30.A previsão é de que o júri dure uma semana.
Leandro, Graciele, Edelvânia e Evandro respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda responde por falsidade ideológica.
Por se tratar de um crime doloso, os réus serão julgados pelo Tribunal do Júri. Foram sorteados 25 jurados, mais suplentes, todos moradores da Comarca de Três Passos - que abrange também os municípios de Bom Progresso, Tiradentes do Sul e Esperança do Sul. Na manhã desta segunda, haverá um sorteio para selecionar apenas sete para compor o Conselho de Sentença.
O grupo deverá manter-se incomunicável. Eles só poderão falar com os 15 oficiais de Justiça, que acompanharão os jurados e testemunhas por tempo integral. Eles também não poderão ter acesso a aparelho telefônico, internet, televisão, rádio ou jornal. A desobediência à medida acarreta multa de um a 10 salários mínimos e exclusão da lista geral de jurados.
O processo que apura a morte de Bernardo tem cerca de 9 mil páginas, distribuídas em 44 volumes. Na fase de instrução processual, foram ouvidas 25 testemunhas arroladas pela acusação, 29 indicadas pelas defesas e os quatro réus.
Morador de Três Passos, Bernardo Uglione Boldrini desapareceu no dia 4 de abril de 2014. Ele foi encontrado morto 10 dias depois, em uma cova vertical nas margens de um riacho, em Frederico Westphalen. Laudos periciais atestaram a presença de Midazolam no estômago, rim e fígado do menino. A superdosagem do medicamento teria sido a causa da morte da criança.
No dia do desaparecimento de Bernardo, Graciele foi multada por excesso de velocidade na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen, que fica a cerca de 80 km de distância de Três Passos. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada de Bernardo.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Graciele conduziu o enteado até Frederico Westphalen. Ao iniciar a viagem, ainda em Três Passos, ministrou-lhe, via oral, a substância Midazolam, sob o argumento de que era preciso evitar enjoos. Em seguida, já na cidade vizinha, Graciele encontrou a amiga Edelvânia Wirganovicz.
Conforme ainda o MP, Graciele, com apoio moral e material de Edelvânia, aplicou em Bernardo mais uma injeção intravenosa da substância, em quantidade suficiente para lhe causar a morte.
A denúncia ainda aponta que Evandro Wirganovicz foi o responsável por fazer a cova vertical, além de limpar o entorno do local, dois dias antes da morte de Bernardo, para facilitar o crime.
Conforme o MP, em um vídeo, gravado no celular de Leandro, Graciele ameaça Bernardo, dizendo: “Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando”.
Bernardo morava com o pai, a madrasta e a filha do casal, à época com cerca de um ano, em uma casa em Três Passos. A mãe do menino, Odilaine, foi encontrada morta dentro da clínica do então marido em fevereiro de 2010. A polícia havia concluído que ela cometeu suicídio com um revólver. Mas a defesa da mãe dela, Jussara Uglione, contestou a versão. O inquérito foi reaberto. Concluído em março de 2016, a nova investigação não apontou indícios de homicídio. Para a polícia, Odilaine se matou.
Fonte: Geovani Canabarro com inf. G1 RGS