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Rádio Costa Oeste
Após cinco anos do assassinato do menino Bernardo, morto aos 11 anos, quatro pessoas foram condenadas pelo crime. O julgamento durou cinco dias no Fórum de Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, cidade onde o garoto era conhecido por perambular com roupas velhas, com fome e passando dias fora de casa sem que fosse procurado.
Foram condenados o pai do garoto, o médico Leandro Boldrini, a 33 anos e oito meses de prisão; a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, a 34 anos e sete meses; sua amiga, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, a 23 anos; e o irmão da amiga, Evandro Wirganovicz, a 9 anos e seis meses. A juíza Sucilene Engler leu a sentença decidida pelos sete jurados às 19h de sexta-feira (15).
Durante o júri, o MP leu trechos de depoimentos sobre Bernardo ser dopado pelo pai sem necessidade e sobre apanhar "de cinta" da madrasta. Ele não contava sobre a violência para pessoas próximas e chegou a ir sozinho ao Fórum para pedir por uma nova família.
Os promotores Bruno Bonamente, Ederson Vieira e Sílvia Jappe também reproduziram áudios em que Bernardo grita por socorro, é provocado pelo pai e a madrasta chama sua mãe de "vagabunda".
Odilaine Uglione, mãe de Bernardo, foi encontrada morta no consultório de Boldrini em 2010. A avó do menino morreu em 2017 e desconfiava que a morte de Odilaine não havia sido por suicídio. Uma testemunha que acompanhou o médico até o enterro de Odilaine disse que Boldrini se referiu à mulher como "presunto".
A defesa de Leandro alegou que ele é inocente e que não sabia do crime. O pai reclamou da personalidade do filho. A madrasta, por sua vez, disse que o menino morreu por ingerir remédios sozinho. Edelvânia disse que foi pressionada a ajudar a amiga e isentou o irmão de qualquer participação no crime.
No primeiro dia do julgamento, duas delegadas relataram ligações telefônicas interceptadas que mostravam que a estratégia das defesas seria inocentar Leandro para que ele pagasse os custos do processo dos demais.
No total, 14 testemunhas foram ouvidas. A principal foi Juçara Petry, moradora da cidade que mais acolheu Bernardo. Ele chegou a passar 15 dias na sua casa sem que o pai entrasse em contato com ela.
Fonte: Folhapress