Desenvolver (e devolver) a capacidade turística de Guaíra é um desejo de todos os governantes e da população em geral desde o fim das 7 Quedas, em 1982.
De lá para cá, a verdade é que a cidade ainda não conseguiu reencontrar a sua antiga vocação. O principal motivo seria a falta de infraestrutura para exploração de suas belezas naturais ou mesmo a falta de atrativos.
Na segunda-feira (04), dois projetos foram apresentados para o prefeito, servidores municipais, ICMBIO, Itaipu, Coripa e empresários. O primeiro foi encomendado pelo próprio governo municipal com o objetivo de traçar uma estratégia de reurbanização da região ribeirinha, consolidando o que é chamado de Parque Linear Sete Quedas, englobando a avenida Sete Quedas (popular Beira Rio) e a interligando ao Centro Náutico Marinas.
Marli Antunes Aoki, da Arch 3 Arquitetura e Construções Ltda., de Cascavel, apresentou a proposta, que inclui lago, pistas para caminhada em toda a orla, ciclovias e a continuação da avenida Sete Quedas passando pela antiga prainha até o Centro Náutico. O calçamento com quiosques, borboletários, floreiras, bancos, ponte e muro de arrimo seria junto à orla, valorizando os passeios familiares a pé e de bicicleta. O projeto contempla também deck de madeira projetado para 20 ou 30 metros dentro do rio, na altura da Associação Beira Rio (Tininha). Chafarizes e palmeiras fariam parte do cenário.
No Centro Náutico, a proposta é de valorização da lagoa que fica nas proximidades das quadras, com jatos de água e luzes, a construção de um píer para pescaria e atraque de barcos, além de novo portal de entrada e acesso, com pista dupla. O Anfiteatro, pela proposta, seria coberto.
O entorno do Cine Teatro Sete Quedas também não foi esquecido, sendo reservado para ele um espaço intitulado Parque das Artes, outro para lojas francas e até mesmo para um possível hotel.
O projeto é ainda uma sugestão e contempla várias fases. Ainda não há um orçamento sobre o custo da obra.
O objetivo do Município é mais uma vez tentar encaixar o projeto no governo federal, Itaipu, ou mesmo na iniciativa privada em alguns trechos.
Ilhas Flutuantes
No mês passado, o prefeito Fabian Vendruscolo foi informado de que um grupo de pesquisadores desenvolveu um estudo de caso para projeto de turismo envolvendo Guaíra. O projeto teve origem na Coppe.
A Coppe ??? Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro ??? é o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. Fundada em 1963, pelo engenheiro Alberto Luiz Coimbra, ajudou a criar a pós-graduação no Brasil e, ao longo de cinco décadas, formou mais de 13 mil mestres e doutores nos seus 12 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Em 2013, a Coppe criou seu 13º programa: Engenharia de Nanotecnologia.
Sua intensa participação no desenvolvimento de tecnologias para a indústria do petróleo contribuiu para tornar o Brasil líder na exploração e produção de óleo em águas profundas.
Diante da iniciativa, o prefeito agendou para segunda-feira a reunião com os responsáveis pelo projeto. A proposta apresentada contempla 7 ilhas flutuantes, temáticas, e de grande porte. Guaíra teria sido escolhida por causa do impacto ambiental sofrido no passado ??? e ainda não recompensado ??? e pela vastidão de suas águas.
???Nós chegamos a Guaíra depois de uma pesquisa sobre cidades afetadas ambientalmente. Como a proposta deste estudo se tratava de extensões flutuantes, Guaíra se encaixou em todos os sentidos???, explicou Maria Antonieta de Góes, arquiteta, paisagista e empresária.
Segundo José Márcio Vasconcellos, doutor em estruturas navais, o projeto apresentado é inovador e o modelo experimental, se implantado em Guaíra, serviria como alternativa a outros municípios do país.
O outro representante da Coppe/UFRJ, Roberto Rodrigues, mestre em engenharia, acredita que a cidade possui todas as credenciais para fazer deste projeto uma realidade impactante no cenário turístico brasileiro.
Ontem (05), durante visita técnica, os três tiveram a oportunidade de conhecer o Parque Nacional de Ilha Grande, durante passeio fluvial e também de avião.
As ilhas flutuantes seriam em número de 07 para fazer referência às Sete Quedas e toda a noção cabalística que inspira o número 07.
Na proposta, que pode ser alterada, existe a ilha paisagística (de contemplação da natureza), a ilha indígena, a ilha das 7 Quedas, a ilha de shows artísticos, a ilha resort, a ilha de energia solar e a ilha de agricultura.
Faltavam projetos
O prefeito Fabian Vendruscolo afirmou que uma das principais dificuldades de Guaíra era justamente a falta de projetos para apresentar às autoridades e órgãos financiadores.
Com estes projetos em mãos, a dificuldade agora é angariar os recursos necessários para viabilizar as obras. ???Temos dois projetos ousados e de grande porte que com certeza transformariam a nossa realidade. Com relação às ilhas flutuantes, podemos pensar melhor a temática de cada uma delas, inclusive podendo reservar uma delas para a questão das lojas francas. Não será uma tarefa fácil, mas o próximo gestor terá, pelo menos, algo a apresentar. Guaíra sem dúvida nenhuma merece???, afirmou.
Um dos representantes da Itaipu, Jair Kotz, destacou o aspecto inovador do projeto. ???Traz um elemento novo, sem dúvida nenhuma. O principal empecilho talvez seja a inviabilidade do reservatório em períodos de estiagem. ?? um dado que preocupa. Já na parte do rio Paraná, talvez o principal problema seja a liberação ambiental, pois daí a legislação é de preservação do Parque de Ilha Grande. Mas de fato traria para Guaíra um elemento novo, que poderia muito bem englobar a história da cidade. Acredito que uma ilha flutuante com uma réplica de 7 Quedas ou mesmo um Museu seria muito interessante. As Sete Quedas ainda podem ser o principal atrativo da cidade, junto com sua história indígena e seu potencial natural, de pesca esportiva e belezas naturais???, disse.
Fonte: Cristian E. Aguazo | Assessoria