Quatro dos seis feridos durante o confronto entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e policiais militares ambientais, na tarde de quinta-feira (7), em Quedas do Iguaçu, no Paraná, receberam alta do hospital.
Os demais permaneciam internados em hospitais de Cascavel: um teve fratura no fêmur e o estado de saúde é estável. O outro foi baleado na região da cintura e está em observação. Duas pessoas foram mortas durante o enfrentamento. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) de Cascavel.
A Polícia Civil informou que o acampamento passará por perícia na manhã desta sexta. Por volta das 7h, ainda havia bastante movimentação de policiais no centro da cidade e nas proximidades do acampamento.
Na quinta-feira, dois trabalhadores sem-terra foram ouvidos pela polícia e liberados.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), a equipe da ambiental estava com uma equipe da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) em uma área chamada Fazendinha verificando um foco de incêndio.
Ao deslocar para o local, os policiais foram interceptados por mais de 20 integrantes do MST que reagiram a abordagem com disparos de arma de fogo, conforme a Sesp. O acampamento fica localizado na área da Araupel. No local, há 2,5 mil famílias acampadas. São cerca de 7 mil pessoas ao todo.
"Os policiais se deslocaram até a área onde foi registrado o incêndio, pois houve um crime ambiental, e chegando lá [na área] a Polícia Ambiental e a Rotam foram recebidas em um bloqueio feito pelo MST, onde vieram elementos do movimento e começaram a efetuar disparos contra a equipe. De imediato, a equipe se protegeu", detalha o comandante do 5° Comando Regional de Cascavel, tenente-coronel Washington Lee Abe.
Já os integrantes do MST dizem que a polícia não foi até o local para conter um incêndio e que o ocorrido foi uma emboscada. Segundo eles, duas equipes da PM acompanhadas de seguranças da empresa Araupel atacaram o acampamento Dom Tomás Balduíno.
A Araupel
A Araupel é uma empresa de reflorestamento e beneficiamento de produtos de madeira que está estabelecida na região há 43 anos.
Segundo a própria empresa, desde o início das invasões em Quedas do Iguaçu, a fábrica já perdeu dois terços de terras devido a questões agrárias. A Araupel informou que não vai se manifestar sobre o ocorrido nesta quinta porque o confronto foi entre a PM e o MST e que os funcionários da empresa não estão envolvidos.
Segundo a PM, uma espingarda e uma pistola foram apreendidas com os sem-terra. Não há informações de policiais feridos.
A PM enviou equipes para o local para resgatar as vítimas e um helicóptero para remover os feridos. Além disso, policiais militares e civis foram para a região com o objetivo de reforçar a segurança, já que há uma briga judicial envolvendo o MST e a empresa Araupel.
A Polícia Civil já abriu um inquérito para apurar os fatos.
Clima tenso desde 2014
Desde julho de 2014, quando a fazenda de reflorestamento foi invadida por centenas de famílias, o clima é tenso na região e a titularidade da área vem sendo disputada na Justiça. ???Em março, a empresa teve duas vitórias no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRT4), o que alterou os ânimos do MST", avalia a empresa. "Há mais de um ano a Araupel tem a seu favor um mandado de reintegração de posse e aguarda o cumprimento por parte do governo do estado". Neste período, a Araupel calcula perdas de mais de R$ 35 milhões com as invasões.
De acordo com o MST, o acampamento localizado em uma área pertencente a empresa Araupel tem 2.500 famílias, com cerca de sete mil pessoas. "Os sem-terra do local sofrem com constantes ameaças por parte de seguranças e pistoleiros da empresa, ameaças essas que contam com a conivência do governo e da Secretária de Segurança Pública do Estado", diz um trecho do comunicado do movimento.
Mudas destruídas
Em março deste ano, um grupo de integrantes do MST invadiu um viveiro e destruiu cerca de 1,2 milhão de mudas de pinos que estavam sendo preparadas para o plantio em uma área de reflorestamento da Araupel. De acordo com empresa, causou um prejuízo de R$ 5 milhões.
Fonte: Assessoria de Imprensa