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Rádio Costa Oeste
Pouco mais de um ano e três meses depois da greve dos caminhoneiros de 2018, iniciada em 21 de maio e só encerrada no dia 30 do mesmo mês após intervenção do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal para desbloquear as rodovias, uma nova paralisação da categoria está marcada para ter início a partir de hoje (02), e não tem data para acabar.
Segundo o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Sao José Dos Pinhais (Sinditac SJP), a manifestação já estava marcada há tempos por conta do julgamento da constitucionalidade dos pisos mínimos para a categoria, que havia sido marcado para a próxima quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido do governo federal, que apelou ao ministro Luiz Fux por meio da Advocacia Geral da União (AGU), o julgamento acabou sendo adiado e não há previsão para que uma nova data seja marcada. O governo alega estar buscando uma alternativa ao tabelamento junto aos caminhoneiros.
Grande parte da categoria, contudo, optou por manter os protestos e dar início à paralisação. Segundo Plínio Dias, presidente do Sinditac SJP, isso se deve ao fato de a pauta dos caminhoneiros não se limitar à questão do tabelamento.
“Não está na pauta dos caminhoneiros só o julgamento do STF, mas a elaboração do piso, um piso justo, e também o CIOT (Código Identificador da Operação de Transportes, que regulamenta o pagamento do valor do frete referente à prestação dos serviços de transporte rodoviário de cargas) para todos. Isso que estamos reivindicando”, explica.
Na Região Metropolitana de Curitiba, o protesto começa ainda durante a manhã de hoje, com concentração no posto Costa Brava, na região de Quatro Barras. A ideia é convencer os motoristas a estacionarem nos postos de combustíveis a partir das 8 horas da manhã.
“Vamos começar o protesto a partir do dia 2 e não tem dia para acabar. No dia 2, 3, 4, 5, 6 e assim vai. Vamos parando a nível nacional”, explica Plínio. “Todas as regiões do Paraná estão se mobilizando. Pessoal está me ligando de Ponta Grossa, Irati, Sapopema. Todo mundo no mesmo pensamento”, garante.
O presidente do Sinditac SJP também apela para que os caminhoneiros e suas famílias ajudem a dar corpo às manifestações. “Vão para os pátios e ajudem a protestar”. Ao mesmo tempo, apela pela empatia da sociedade, para que compreenda a situação que está provocando a paralisação.
Efeito
‘Não queremos estragar o feriado’
A principal reclamação dos caminhoneiros é com relação à última tabela de fretamento, divulgada em junho em que, segundo a categoria, trazia valores muito baixos (acabou suspensa após protestos). “Eles podem julgar quando quiserem a consitucionalidade da lei e, para gente, quanto antes melhor. Só queremos ter paz na estrada. Espero que a sociedade entenda. A data do dia 4 foi o STF que marcou, não a gente. Não queremos estragar o feriado de ninguém”, diz em referência ao 7 de Setembro, a data da proclamação da independência do Brasil.
Ainda de acordo com o Sinditac SJP, o governo federal tem se mostrado muito aberto até aqui nas tratavivas e está atendendo a categoria, dialogando. “Mas a solução que é bom não chegou”, reclama Plínio. “Estamos à deriva, ninguém respeita as leis do caminhoneiro, não temos um diário oficial que legalize a multa (contra empresas que não respeitam o piso mínimo). Está um descaso total”.
Plínio também diz que desde a manifestação de 2018 pouca coisa mudou em favor da categoria. “De lá para cá não obtivemos quase nada do governo, só o do eixo levantado (isenção da cobrança de tarifa de pedágio).” Por fim, ele destaca também que ainda é cedo para avaliar qual será, de fato, a proporção da paralisação. Mas ao menos esse início, segundo ele, lembra o que foi visto há um ano e três meses.
Fonte: Bem Paraná