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Rádio Costa Oeste
Para Walkiria, é preciso responsabilidade em um momento como esse. “A forma das aulas não presenciais, não é a melhor de fazer educação, mas neste momento de pandemia é necessário preservar vidas. O ano letivo você recupera, o aprendizado pode acontecer no mês seguinte, no ano seguinte, mas as vidas não se recuperam. A gente precisa ter responsabilidade sobre a vida dos estudantes, dos trabalhadores e o retorno das aulas acontecer apenas com a pandemia controlada”, disse.
No protocolo, que foi divulgado na noite de quinta-feira (30), o Governo do Estado não define datas, mas trabalha-se com a volta no início ou fim de setembro, tudo a depender da curva de casos da Covid-19. Entre os pontos do protocolo está o horário intercalado de recreio, para evitar aglomerações; o modelo híbrido entre aulas à distância e presenciais, para manter o distanciamento social; uma volta gradual por idade; e a compra de todos os insumos necessários para a proteção individual.
Segundo a APP-Sindicato, porém, esse protocolo partiu de uma decisão unilateral do Governo do Estado e que não foi apresentado em momento algum a pais e trabalhadores. “Tivemos uma reunião do comitê que deveria debater o retorno às aulas durante a tarde e a Seed não fez nenhuma previsão de quando planejava o retorno. A notícia chegou até nós pela imprensa e nossa crítica se dá com o fato de que não conhecemos o documento na íntegra do protocolo. Então não assinamos, porque seria uma irresponsabilidade da nossa parte”, explicou.
Para a entidade, a decisão vai na contramão do que está sendo feito em outros países, que é a discussão de volta às aulas apenas com o controle da pandemia.
Pressão empresarial
Para a APP-Sindicato, uma pressão empresarial tem pesado de forma muito forte nas decisões da Secretaria da Educação. “O maior argumento trazido por eles é o prejuízo financeiro que as escolas estão tendo, que as escolas de menor porte estão fechando e as de maior parte estão perdendo alunos. Nós estivemos em uma reunião com eles e colocamos que o lucro não deveria ser a motivação para retornar as aulas presenciais, porque eles podem ter outro prejuízo, que é o das vidas. Em outros estados, os trabalhadores da educação privada já se posicionaram contrários a essa volta às aulas, mas os donos de escola têm mantido a pressão sobre o governo e isso pode ter interferido na decisão da Secretaria da Educação”, afirmou Walkiria Mazeto.
Segundo Ministério Público do Paraná (MP-PR), pelo menos 30 mil alunos da rede particular de ensino do Paraná pediram a transferência de seus filhos para a rede estadual desde o início da pandemia.
Por fim, Walkiria confirmou que a notícia foi recebida com medo por parte de professores e funcionários de escolas. “Nós estamos recebendo apelos de toda a comunidade escolar com medo, medo de que voltem as aulas e os casos piorem. Muitos estão há todos esses meses em isolamento social e pedimos que a posição seja revista para quando houver segurança sanitária e epidemiológica”, concluiu.
Segundo a APP-Sindicato, a volta às aulas pode representar 2,5 milhões de pessoas a mais nas ruas do Paraná.
Fonte: Banda B