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Rádio Costa Oeste
Principal produtor de soja do Paraná, Cascavel, na Região Oeste, será o hub logístico da Nova Ferroeste. A previsão, de acordo com os estudos preliminares de traçado e demanda, é que pelo terminal de transbordo já instalado na cidade passem mais de 8 milhões de toneladas de grãos por ano.
A estimativa integra o documento técnico sobre o modal apresentado nesta quinta-feira (25) para parte do setor produtivo do município, em reunião na sede da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (Acic). A ferrovia que vai ligar Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá terá 1.285 quilômetros de extensão.
“Até pela localização geográfica, Cascavel será o grande polo de atração de cargas do Paraná. Sem contar que o município já tem uma estrutura estabelecida com o terminal da Cotriguaçu, que movimenta cerca de 4 a 5 mil contêineres por mês”, destacou o coordenador do Grupo de Trabalho Ferroviário do Estado do Paraná, Luiz Henrique Fagundes. “Por tudo isso, Cascavel é sem dúvidas o hub logístico da Nova Ferroeste”.
O estudo preliminar avaliou a existência de cinco terminais ao longo da ferrovia. Além de Cascavel, aparecem na sequência pela ordem de movimentação, os pontos de Maracaju, marco zero do projeto, com possibilidade de transbordo de aproximadamente 6,5 milhões de toneladas/ano de grãos; Amambai (MS), com 4,5 milhões de toneladas/ano; Guaíra, com pouco mais de 4 milhões de toneladas/ano; e Foz do Iguaçu, com cerca de 2,5 milhões de toneladas/ano.
Diretor-presidente da Ferroeste e um dos coordenadores do projeto do novo eixo ferroviário, André Gonçalves explicou que ainda não há uma definição fechada dos locais de instalação dos terminais. Segundo ele, quem vai decidir o posicionamento geográfico é o ente privado que arrematar a concessão.
A expectativa é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, até novembro de 2021. O consórcio que vencer a concorrência será também responsável pelas obras.
“O estudo preliminar apresenta algumas condições, uma análise de determinados locais. Mas no fim é o mercado que vai definir juntamente com a empresa que ganhar a concessão”, afirmou. “Porém, uma coisa é certa: Cascavel será protagonista”.
SETOR PRODUTIVO – Liderança que se baseia justamente nos clientes em potencial para o novo modal na cidade. O presidente da Acic, Michel Vitor Alves Lopes, destacou que os grupos empresariais de Cascavel estão confiantes de que a ferrovia, enfim, sairá do papel.
“O modal vai trazer mais competitividade, principalmente para os produtores rurais. Cascavel é o celeiro do País e também do mundo. Essa ferrovia vem solucionar um gargalo e dar muito mais garantia para os negócios", disse. “A apresentação nos deixou animados. Todos os filiados estão confiantes na concretização deste sonho histórico”.
Superintendente da Cotriguaçu no município, Gilson Luiz Anizelli reforçou o impacto da Nova Ferroeste na redução de custos para a produção. Diminuição que, segundo ele, chegará ao consumidor final na ponta, nas gôndolas dos supermercados. O estudo apresenta uma queda média de 27% no custo final quando as mercadorias foram transportadas por trens.
“É o momento de esperança, de que tudo isso se concretize o mais breve possível. Para o setor produtivo é, sem dúvidas, a melhor notícia dos últimos anos", disse.
Opinião reforçada pelo presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais do Oeste do Paraná (Caciopar), Flávio Furlan. “Representamos 17 mil empresários, todos com o sentimento de que a ferrovia está, sim, acontecendo. A Região Oeste anseia por uma logística que nos permita ser competitivos", afirmou.
CONTRIGUAÇU – Dentro deste cenário, o armazém graneleiro da Cotriguaçu, em Cascavel, desempenha papel fundamental. É por lá que se estima passar os 8 milhões de toneladas/ano de grãos previstas para circular pelo município.
O terminal ferroviário tem atualmente capacidade de operação de 250 mil toneladas/ano. Quantidade que, de acordo com o gerente do terminal, Evertom Dutra Gresele, pode ser multiplicado por cinco com a Nova Ferroeste em funcionamento. “Passaremos do embarque de 300 vagões/dia para 600 vagões/dia. Sem contar a viabilidade de construir mais dois armazéns e uma segunda linha de expedição dentro do complexo", comentou.
A Cotriguaçu é administrada por quatro importantes cooperativas paranaenses: Lar, Copacol, Copavel e C.Vale.
FERROVIA – O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Apenas a malha paulista teria capacidade maior.
A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países. São 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A expectativa, de acordo com os técnicos, é que pela Nova Ferroeste seja possível o transporte de 54 milhões de toneladas por ano – ou aproximadamente 2/3 da produção da região. 74% seriam de cargas destinadas para a exportação.
AVALIAÇÃO – O comitê formado por técnicos do Paraná e do Mato Grosso do Sul finalizou nesta quinta-feira (25), em Cascavel, a expedição por pontos sensíveis do traçado nos dois estados. Desde segunda-feira (22) na estrada, o grupo passou por Campo Grande, Dourados, Caarapó e Mundo Novo, todos municípios do Mato Grosso do Sul, e por Guaíra e Cascavel, já no Paraná.
A avaliação foi bastante positiva. “A viagem foi muito produtiva. Há um alinhamento dos dois governos e uma confiança no andamento dos resultados técnicos. A topografia favorece a Nova Ferroeste e as cooperativas apresentaram a necessidade de uma ferrovia deste porte para expandir os investimentos. Vamos avançar nos estudos”, arrematou Fagundes.
Fonte: AEN