A repórter Dulcinéia Novaes entrevistou Celina Abagge e Beatriz Abagge. Mãe e filha foram acusadas de matar o menino Evandro Ramos Caetano em um ritual de magia negra. O crime aconteceu em Guaratuba, no litoral do estado, em abril de 1992. Ele tinha seis anos.
Durante a entrevista à RPC, elas disseram que, mesmo sem ter culpa, confessaram o crime porque foram torturadas.
"Choque elétrico, afogamento, fui violentada. O choque elétrico é terrível, só quem passa sabe. Tenho marcas no meu corpo. Na verdade, não confessei nada. Só repeti o que me mandavam repetir", relata Beatriz.
A família de Evandro prefere não falar sobre caso. A Polícia Militar (PM) também não quis comentar o assunto.
Entenda o caso
O caso teve grande repercussão nacional e ficou conhecido como "As bruxas de Guaratuba".
O corpo de Evandro foi encontrado dias depois "com lesões semelhantes às percebidas em sacrifícios de animais, como amputação de membros e retirada do coração", como afirmou o promotor de Justiça do Tribunal de Júri de Curitiba, Paulo Sérgio Markowisz de Lima.
O crime marcou a história do judiciário brasileiro.
No primeiro julgamento, em 1998, Beatriz e a mãe, Celina, haviam sido absolvidas. Antes disso, ela ficou presa por cinco anos e nove meses.
Dois pais-de-santo e um ajudante foram condenados pelo crime em 2004. No entanto, o Ministério Público (MP) recorreu da decisão e conseguiu, através do Supremo Tribunal Federal (STF), um novo julgamento.
Porém, apenas Beatriz foi julgada novamente. Para a mãe, Celina, o crime prescreveu porque ela já tinha 70 anos.
Beatriz foi, então, condenada a mais de 21 de prisão por quatro votos contra três do júri popular. No início de junho deste ano, a Justiça do Paraná tinha determinado a prisão imediata de Beatriz Abagge.
No entanto, poucos dias depois, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) concedeu perdão de pena para Beatriz.
Com a decisão da Justiça, mesmo condenada, Beatriz não precisará cumprir a pena. A defesa dela entende que ela não tem mais pendências com a Justiça e que não precisará sofrer novas punições, já que cumpriu mais de cinco anos de prisão.
Fonte: G1