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Rádio Costa Oeste
Edna Teles, Psicóloga do CREAS de São Miguel do Iguaçu, concedeu entrevista à Rádio Costa Oeste para falar sobre a Campanha Setembro Amarelo que surgiu para conscientizar e prevenir o suicídio.
O dia mundial de prevenção ao suicídio é lembrada no dia 10 de setembro, mas a campanha Setembro Amarelo ocorre durante todo o mês.
Edna explica que a campanha surgiu com a triste história de Mike Emme, um jovem alegre, cheio de amigos, e que adorava a cor amarela, inclusive, tinha um carro todo amarelo. Aos 17 anos, Mike cometeu suicídio, o que acendeu o alerta para os transtornos mentais e emocionais que são camuflados pelos sorrisos. No velório de Mike, família e amigos distribuíram cartões com fitas amarelas com frases motivacionais. E essas fitas se tornaram símbolo da campanha Setembro Amarelo.
Sobre os gatilhos, a psicóloga alerta para os fatores motivacionais que podem desencadear um suicídio, como as perdas materiais, o rompimento de um relacionamento, a morte de um ente querido; e para os transtornos mentais e emocionais.
“O suicídio, a gente pode prevenir, mas a gente não pode prever, porque o suicídio se apresenta de duas maneiras: pode ser de forma impulsiva, em psicanálise a gente diz que é quando o sujeito não dá conta de exercer aquela posição... E tem o suicídio planejado, que é nesse que nós podemos fazer as intervenções, é aquela pessoa que tem a ideação suicida, ela planeja [o suicídio].”
Dentre os motivos que levam alguém a cometer o suicídio, Edna afirma que os transtornos mentais tem maior potencial desencadeador.
“São os transtornos mentais, principalmente os de humor, a depressão, infelizmente, a bipolaridade, a esquizofrenia, eles estão, infelizmente, no topo do desencadeamento de um suicídio.”
Para perceber se alguém pode estar tendo um comportamento suicida, Edna explica que é importante observar os sinais multifatoriais no contexto em que ele está inserido, como as mudanças de comportamento e as expressões verbais como: “me parece que a vida não faz mais sentido pra mim”, “eu não estou conseguindo ver motivos pra viver”.
Edna também explica que o suicídio não é a vontade de morrer.
“É válido pontuar que o suicídio não é o desejo de morrer, é o desejo de cessar aquele sofrimento, a pessoa chega num nível de sofrimento, de angústia, de dor, que ela não dá mais conta daquilo, ela quer cessar aquilo, não morrer, a morte é consequência do ato autolesivo.”
Os cuidados com a saúde mental precisa ser prioridade, afirma Edna.
“Nós precisamos cuidar de nós... O que eu preciso fazer para me cuidar? Eu preciso estar atenta as minhas próprias coisas. Se eu estou há muito tempo meio triste. A tristeza, vamos deixar claro, faz parte da vida e faz parte da nossa constituição, mas ela precisa estar meio que oscilante.”
Sobre a internet, Edna afirma que ela teve papel fundamental durante o isolamento social causado pela pandemia, mas alerta para uso excessivo das redes sociais, pois nós somos seres de afeto e é importante o contato social, comunitário e familiar.
A Psicóloga afirma ainda, que quando ocorre o suicídio não é apenas a perda de uma vida, é também o enlutamento de várias pessoas que precisam de ajuda, de apoio. E aconselha aqueles que possam estar precisando de ajuda.
“Não podemos mudar aquilo que aconteceu... o que nós podemos fazer é ressignificar isso, é reescrever, é reeditar com uma terapia. Se você acha que precisa de um psicólogo, de um psiquiatra, aí é você que vai mensurar, que vai medir a sua a dor e ver do que você precisa.”
Edna finaliza a entrevista alertando sobre os julgamentos acerca da dor outro, que é muito singular.
“ideação suicida, automutilação não é frescura, não é falta de Deus, são pessoas que estão gritando por ajuda, e sim, precisamos ajuda-los.
Fonte: Costa Oeste News