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Rádio Costa Oeste
Os casos de abuso, violência e exploração sexual escancaram a complexidade que é essa violação dos direitos da criança e do adolescente, pois além do trauma físico, psicológico, sexual e social, o agressor está, muitas vezes, no ambiente familiar, no círculo social, o que dificulta que a denúncia chegue no Conselho Tutelar, que é a porta de entrada numa ação articulada que envolve inúmeros órgãos no enfrentamento desse tipo de violência.
Sobre o papel fundamental do Conselho Tutelar na proteção da criança e do adolescente e do impacto emocional que a violência sexual causa nas vítimas e famílias, o Jornal Costa Oeste News conversou, nesta quarta (10), com a psicóloga Vanessa Tramontin e o presidente do Conselho Tutelar de São Miguel do Iguaçu, Moacir Leite.
De acordo com o presidente, o papel do Conselho é definido em lei, a atuação na proteção da criança e do adolescente é diária, e os conselheiros possuem competência técnica e emocional para o acolhimento e encaminhamentos necessários nos casos de violência sexual infanto-juvenil, pois a solução efetiva envolve uma rede de proteção entre profissionais de outros órgãos.
Para a Psicóloga, o objetivo da campanha de combate à violência e exploração sexual da criança e do adolescente é instrumentalizar, mostrar que elas podem falar, e que tem alguém para acolhê-las, para cuidar delas e interromper esse ciclo de violência.
As vítimas de violência sexual podem apresentar repercussões de ordem física, psicológica, sexual e social que se perduram por muitos anos e podem desenvolver inúmeros transtornos comportamentais como consequência do trauma.
“O impacto, ele pode ser sentido pela criança e pela família a curto, médio e longo prazo, cada pessoa vai se impactar de uma forma... Desde nos seus relacionamentos na família, nos seus próprios sentimentos de insegurança, medo, de autoestima muito baixa, dificuldade de aprendizagem, desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade, a não conseguir se sentir segura com as pessoas nas próprias relações. A longo prazo, dificuldade de estabelecer relacionamentos afetivos, de confiar nas pessoas, mas isso é muito particular. Cada um vai sentir isso de uma forma, depende muito também da forma como a situação foi abordada no momento em que a criança falou, se ela recebeu atendimento ou não, pode tratar e curar essas feridas ou não”, explica Tramontin.
Vanessa alerta para o perfil dos agressores, pois na maioria dos casos, é alguém muito próximo da família, e você pode pensar: Ah! Eu só convivo com gente bacana, mas o agressor é “gente bacana”, é alguém que está diariamente conquistando a confiança de todos, está sempre querendo agradar as crianças, dando presentes.
Os pais e responsáveis também precisam ficar atentos às mudanças comportamentais das crianças e adolescentes.
“Geralmente a criança muda de comportamento. Então, se ela é uma criança ativa, brincalhona, ela pode ficar um pouco mais introspectiva, ela pode não querer ficar mais na presença de uma certa pessoa que ela gostava antes, ela pode querer ficar mais quietinha... Se ela é uma criança que é tímida, introspectiva, ela pode se tornar um pouquinho mais agitada... Ela pode ficar um pouquinho mais nervosa, agitada, agressiva, ela pode desenvolver sintomas no que se referem ao crescimento e ao desenvolvimento dela”, finaliza Tramontin.
Fonte: Costa Oeste News