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Rádio Costa Oeste
Dr. Diogo Ribeiro, proctologista do hospital Madre de Dio, esclarece dúvidas sobre intolerância alimentar. Ele destaca que a intolerância à lactose é a mais comum e explica que ocorre devido à perda da capacidade de digerir o açúcar presente no leite. O Dr. Ribeiro também menciona outros tipos de intolerância alimentar, como a intolerância à frutose e a intolerância a certos corantes alimentares.
Costa Oeste News: Quais são os sintomas mais comuns de intolerância alimentar e como eles podem ser diferenciados de outras condições digestivas?
Dr. Diogo Ribeiro: "Os sintomas mais comuns de intolerância alimentar geralmente se manifestam como diarreia crônica ou constipação, com alterações no hábito intestinal logo após a ingestão do alimento ao qual a pessoa é intolerante. Muitas vezes, o paciente já tem uma ideia do que causa a intolerância, pois percebe que ao evitar esse alimento, os sintomas desaparecem. Outros sintomas comuns incluem cólicas abdominais que melhoram após a evacuação e distensão abdominal após a ingestão do alimento intolerante, que desaparece quando o alimento é excluído da dieta. No entanto, é importante ressaltar que, inicialmente, pode ser difícil diferenciar a intolerância alimentar de outras causas de diarreia prolongada. Portanto, se os sintomas persistirem por mais de 10 dias, não é considerado um padrão normal e é recomendado buscar orientação médica."
Costa Oeste News: Quais são os principais alimentos que causam intolerância alimentar e por que isso ocorre?
Dr. Diogo Ribeiro: "A intolerância à lactose é, de longe, a mais comum entre a população. No entanto, é importante distinguir a intolerância à lactose da alergia ao leite, pois são condições diferentes. A intolerância à lactose ocorre devido à perda da capacidade de digerir o açúcar presente no leite, chamado lactose. Essa perda de capacidade de digestão da lactose é considerada um transtorno, mas, na verdade, não deveria ser caracterizada como uma doença. Isso ocorre porque a maioria dos mamíferos, incluindo bovinos, perde naturalmente a capacidade de digerir o leite após o período de amamentação, para que possam se alimentar dos alimentos adequados para a fase adulta. No entanto, os seres humanos desenvolveram uma adaptação evolutiva que lhes permite digerir o leite mesmo na fase adulta. Portanto, aqueles que mantêm a capacidade de digerir a lactose ao longo da vida podem apresentar sintomas de intolerância à lactose em algum momento, como crianças ou idosos. Além da lactose, existem outras intolerâncias alimentares menos comuns, como a intolerância à frutose, encontrada em frutas, e a intolerância a corantes alimentares. A variedade de alimentos que podem causar intolerância varia, mas é importante observar que cada pessoa pode ter uma resposta individual a certos alimentos."
Costa Oeste News: Existem diferentes tipos de testes disponíveis para diagnosticar intolerância alimentar. Quais são os mais confiáveis e eficazes?
Dr. Diogo Ribeiro: "Além da intolerância à lactose, que é a mais comum, existem outras intolerâncias a diferentes açúcares e componentes alimentares. No entanto, antes de realizar testes específicos, é importante distinguir se é uma intolerância alimentar ou uma alergia. Quando se trata de intolerâncias a açúcares em geral, independentemente do tipo, elas podem deixar as fezes mais ácidas, o que pode ser um indício já observado no exame de fezes. Para a intolerância à lactose, existe um teste específico muito interessante, no qual o paciente recebe uma quantidade de lactose pura para observar tanto as reações clínicas quanto a capacidade de transformar esse açúcar em glicose no sangue. Esses exames são bem específicos e confiáveis."
Costa Oeste News: Quais são as opções de tratamento disponíveis para pessoas com intolerância alimentar? Existem abordagens específicas que você recomenda?
Dr. Diogo Ribeiro: "Em relação à intolerância à lactose, que é a mais comum, orientamos os pacientes a consumirem alimentos sem lactose, que estão disponíveis em muitos mercados. Além disso, existem enzimas, como a lactase, que ajudam na digestão da lactose. No caso da intolerância à frutose, é mais complexo, pois o paciente precisaria evitar a maioria das frutas. Já no caso de intolerância a corantes, muitas vezes recomendamos evitar alimentos industrializados em geral. No caso de alergias alimentares, o primeiro passo é evitar o alimento ao qual a pessoa é alérgica. Atualmente, também é possível encaminhar o paciente a um especialista em alergias, que pode tentar um processo de sensibilização para ajudar na tolerância ao alimento alérgico. O tratamento varia de acordo com a condição específica de cada paciente e é importante buscar a orientação adequada."
Costa Oeste News: Como a intolerância alimentar difere de outras condições relacionadas, como alergias alimentares ou doença celíaca?
Dr. Diogo Ribeiro: "Agora vou falar sobre uma questão polêmica, que é a doença celíaca, relacionada à intolerância ao glúten. Atualmente, é uma tendência no mercado fitness evitar o consumo de alimentos com glúten. O glúten é uma proteína encontrada principalmente em certos vegetais, como trigo, cevada e malte. Para a maioria das pessoas, essa proteína passa despercebida pelo intestino, assim como muitas outras proteínas que consumimos. No entanto, em algumas pessoas, o organismo confunde o glúten com proteínas de microrganismos, principalmente vermes. Ele identifica o glúten como uma ameaça, desencadeando uma resposta imune inflamatória no intestino. Isso pode levar a danos graves no intestino, desnutrição e até aumentar o risco de câncer intestinal. A doença celíaca é a forma mais grave de intolerância alimentar que discutimos até agora. A cura para a doença celíaca é evitar o consumo de glúten, e isso faz uma diferença significativa apenas para aqueles que são intolerantes ao glúten. Para pessoas sem intolerância, consumir glúten ou não é uma escolha opcional, pois o glúten é invisível para elas."
Fonte: Costa Oeste News