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Fim dos clubes de tiro acerta em cheio o esporte e o desemprego

Ameaça feita dias atrás pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de fechar os clubes de tiros e restringir o acesso às armas apenas para organizações de segurança

Fim dos clubes de tiro acerta em cheio o esporte e o desemprego

O comércio legal de armas no Brasil responde por 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. A informação é do diretor Comercial da Nativa Armas & Munições, de Cascavel, Cícero Prado, durante entrevista concedida ao Jornal O Paraná. Ele comentou a ameaça feita dias atrás pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de fechar os clubes de tiros e restringir o acesso às armas apenas para organizações de segurança, tais como polícias militar e civil e o Exército.

Para a maioria dos entrevistados ouvidos pela reportagem, trata-se de um retrocesso na liberdade econômica da atividade e o cerceamento da prática esportiva. “Se isso acontecer, o governo estará fechando os olhos para a primeira medalha de ouro olímpica conquistada pelo Brasil, graças ao tiro esportivo”, comenta Cícero Prado, em alusão à conquista de João Medeiros, em 1920, nas Olimpíadas de Antuépia, na Bélgica. Sem dúvida, um dos momentos mais emblemáticos e importantes da história do Brasil.

Para Lula, apenas as organizações policiais devem contar com locais para a prática de tiros. Na ótica do atual presidente, a política de liberar a compra de armas praticada pelo governo de Jair Bolsonaro era para “agradar o crime organizado” e “gente que tem dinheiro”, declarações amplamente contraditadas pelos amantes do esporte, além de outros setores ligados mais diretamente à segurança pública. O atual presidente chegou a pedir ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o fechamento de “quase todos” os clubes de tiro do País.

“Tem uma meia dúzia de pessoas que quer [abrir clubes de tiro]. Não vamos abrir. Eu, sinceramente, não acho que o empresário que tem um lugar de praticar tiro é um empresário. E já disse ao Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos e só deixar abertos os que estão jurisdicionados à Polícia Militar, Polícia Civil ou ao Exército. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro, não a sociedade brasileiro. Não estamos preparando uma revolução”, disse Lula, em live com o jornalista Marcos Uchôa, para o Canal Gov. Para Lula, o Brasil vai melhorar quando entrar na área do livro e da cultura, e não das armas.

Recentemente, o governo federal lançou o programa Ação na Segurança, com medidas para o controle responsável das armas. “Tinha uma confusão, pode utilizar arma, pode liberar CACs [caçadores, atiradores e colecionadores]. Eu acho que nós temos que ter claro o seguinte: por que o cidadão quer uma pistola 9 mm? Por que ele quer? O que ele vai fazer com essa arma? Fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque no fundo, no fundo, esse decreto de liberação de arma que o presidente anterior fez era para agradar o crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, disse o presidente.

Entre as principais mudanças, consta que não é mais permitido que caçadores, atiradores e colecionadores transitem com armas municiadas. Outra alteração é a distinção entre as armas de uso dos órgãos de segurança e as armas acessíveis a cidadãos comuns. A medida teve ainda a redução da validade dos registros de armas de fogo e há previsão de migração progressiva da competência de fiscalização das atividades que envolvem armamento, do Exército para a Polícia Federal.

Fonte: Jornal O Paraná