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Rádio Costa Oeste
A estudante Gabrielle Scherer Mascarelo, de 17 anos, se surpreendeu ao receber um e-mail com uma proposta de uma bolsa de estudos na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, com tudo pago.
Moradores de Missal, no oeste do Paraná, a jovem e a mãe dela, Bruna Scherer Mascarelo, chegaram a pensar que o convite se tratava de um golpe.
"Inicialmente achei que era golpe, porque era uma proposta incrível demais. Depois eu comecei a pensar: 'Eles não tão pedindo nenhuma contrapartida financeira, nenhuma mensalidade, nenhuma inscrição... Eles só estão oferecendo'", conta a mãe.
A desconfiança foi desfeita após Bruna pesquisar sobre a oportunidade na internet e encontrar a história de Paula Eduarda de Lima em uma reportagem do g1. A também paranaense, filha de cafeicultores, recebeu o mesmo convite.
Com isso, Bruna procurou a mãe de Paula e ambas trocaram informações sobre a oportunidade.
A mensagem, recebida em abril, se mostrou verdadeira e agora Gabrielle se prepara para embarcar para o Rio de Janeiro para estudar Ciências de Dados e Inteligência Artificial, com um auxílio financeiro mensal e moradia na cidade carioca.
Preparação
O convite feito pela instituição à Gabrielle surgiu após a jovem se destacar na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM).
A carta, enviada por e-mail pela FGV, convidava a estudante a participar do vestibular da universidade, que aconteceria em novembro de 2023. Caso aprovada, a jovem teria direito a isenção das taxas escolares e ao recebimento de uma bolsa.
Além disso, a jovem poderia participar de um programa de reforço com aulas online de matemática, literatura, redação e português.
Sem pensar duas vezes, a aluna intensificou a rotina de estudos focada na aprovação. Com a ajuda da mãe, que é professora, Gabrielle imprimiu as provas antigas da FGV e, toda semana, resolvia a uma delas.
Troca de figurinhas
Além do incentivo dos pais, Gabrielle considera que a troca de experiências com Paula Eduarda foi fundamental para a aprovação.
"A Paula me ajudou muito. Eu estava com muitas dúvidas e tinha dificuldade de achar coisas na internet, e daí várias coisas eu pedi para ela, tanto sobre o programa, quanto sobre o vestibular", explica a jovem.
A mesma troca de experiências aconteceu entre as mães das duas estudantes. Bruna conta que a mãe de Paula a tranquilizou em relação a oportunidade recebida pela menina, o que, inclusive, a fez mudar de ideia.
"Eu fiquei muito assustada, porque é Rio de Janeiro, né? A minha primeira resposta foi 'não, ela não vai de jeito nenhum, nem com bolsa, nem com moradia, nem com auxílio financeiro'. Aí ela me tranquilizou, falou: 'Não é assim como você tá pensando. Eles moram do lado da faculdade, eles são cuidados e esse auxílio financeiro existe mesmo'", relembra.
Para Bruna, a confiança e o sonho da filha acabaram sendo mais importantes do que qualquer preocupação.
"Ela é uma menina responsável e ela sempre deu o melhor de si em tudo. Então eu acredito que vai dar tudo certo e é o caminho que ela escolheu. Não seria justo tirar isso dela", reflete emocionada.
Gabrielle reforça que a oportunidade representa um desafio. Isso porque a área em que ela pretende atuar profissionalmente é predominada por homens.
De acordo com a estudante, das 50 pessoas aprovadas no curso, apenas 11 eram meninas, contando com ela.
Porém, a jovem faz parte de uma tendência de crescimento de mulheres no setor de tecnologia, conforme um levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Entre 2015 e 2022, no Brasil, o aumento da participação feminina na área foi de 60%.
Apesar disso, 83,3% do mercado ainda é composto por homens, enquanto as mulheres ocupam 12,3% dos cargos voltados para a tecnologia.
Fonte: G1