O Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta-feira (20) manter a taxa de juros em 14,25% ao ano, em um momento em que a economia brasileira está em recessão e ainda apresenta um elevado índice de inflação.
Em nota, o BC informou que a inflação acima do esperado no curto prazo ainda pode se mostrar persistente.
"Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária", enfatizou a nota do Banco Central, que mantém a taxa no mesmo nível desde julho do ano passado, quando encerrou um ciclo de ajuste monetário destinado a enfrentar o aumento dos preços na economia.
A decisão, que não surpreendeu, foi tomada por unanimidade pelos membros do Comitê da Política Monetária (Copom), reunidos desde terça-feira pela primeira vez sob o novo mandato do economista Ilan Goldfajn, que chegou ao cargo no início de junho indicado pelo governo interino de Michel Temer.
Admirado pelos mercados, Goldfajn afirmou que um de seus principais objetivos na instituição será levar a inflação à meta.
Goldfajn é parte de uma nova equipe econômica liderada pelo ortodoxo ministro da Fazenda Henrique Meirelles, encarregado de uma das prioridades da pasta: recuperar as deterioradas contas fiscais, por meio de cortes nos gastos públicos e medidas pró-mercado.
Na nota, o Banco Central afirmou que ainda existe "incerteza" em torno da aprovação e da implementação das medidas de ajuste fiscal, consideradas cruciais por analistas e pelo mercado para a recuperação da economia.
O PIB brasileiro caiu 3,8% em 2015, que fechou com uma inflação de 10,67%, a maior em 13 anos.
O Banco Central projeta uma inflação de 6,9% para este ano e de 4,7% para 2017. Entretanto, a pesquisa Focus elaborada semanalmente pelo organismo, com consultas a analistas e operadores de mercado, é menos otimista. O Brasil deve fechar o ano com uma inflação de 7,26%, enquanto que, em 2017, terminará com um aumento de preços de 5,30%.
Para 2016, a meta de inflação é de 4,5% com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais, ou para menos. Para 2017, foi mantida a mesma meta, mas com uma margem de um ponto e meio percentual.
Setores sindicais criticam a manutenção da taxa de juros em níveis "estratosféricos", por considerar que ela prejudica o crescimento da economia e eleva o desemprego, colocando obstáculos à produção com os créditos mais caros.
"O país perde a oportunidade de reduzir drasticamente a taxa de juros e, assim, dar uma injeção de ânimo no setor produtivo", afirmou em nota a Força Sindical.
Fonte: AFP