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Rádio Costa Oeste
O mercado brasileiro de carnes começou o ano aquecido, com crescimento expressivo nas exportações e expectativa de avanço nas negociações internacionais. Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (11), no Centro Administrativo da Lar Cooperativa Agroindustrial, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rodrigo Santin, apresentou um panorama do setor e destacou o papel do Brasil como fornecedor estratégico para o mundo.
Crescimento nas exportações
Segundo Santin, os números do primeiro bimestre de 2024 são positivos. Em fevereiro, foram exportadas 468 mil toneladas de carne, um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita cambial também cresceu 23%, ultrapassando os US$ 870 milhões. No acumulado do bimestre, o crescimento foi de 13% no volume exportado e 22% na receita.
O setor de suínos seguiu a mesma tendência. Em fevereiro, o Brasil exportou 114 mil toneladas, com um aumento de 17%. A receita foi de US$ 272 milhões, um salto de 30%. No bimestre, o avanço foi de 11% no volume e mais de meio bilhão de dólares em faturamento.
“O Brasil está preparado para ser o grande parceiro na segurança alimentar global. A demanda segue alta, e temos capacidade para crescer ainda mais”, afirmou Santin.
Desafios sanitários e biossegurança
O presidente da ABPA também destacou as ameaças sanitárias que impactam o mercado mundial. Enquanto a peste suína africana tem sido registrada em países da Europa e da Ásia, a influenza aviária avança em diversos continentes. Nos últimos meses, mais de 40 países reportaram surtos da doença, que afeta principalmente aves e compromete a produção.
Apesar do cenário global preocupante, o Brasil segue livre dessas doenças na produção comercial. “Estamos reforçando medidas de biossegurança, como controle rigoroso de acessos, desinfecção de veículos e monitoramento sanitário. O produtor brasileiro precisa continuar atento para garantir que a doença não entre no país”, alertou Santin.
Brasil como líder global
Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e o quarto maior em carne suína. O país detém 39% do market share global de aves e 14% no segmento de suínos. Segundo Santin, há espaço para crescer, principalmente devido à forte produção agrícola e à oferta de grãos, como o milho.
A relação comercial com a União Europeia também foi abordada durante a coletiva. Segundo o presidente da ABPA, embora alguns países do bloco se oponham ao acordo com o Mercosul, há interesse europeu em ampliar as cotas de importação. “O Brasil já é um grande fornecedor para a Europa, e esse acordo pode consolidar ainda mais nossa presença no mercado”, avaliou.
Impacto das tarifas dos EUA e relações comerciais
Santin também comentou sobre as recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos em suas relações comerciais. Apesar da tensão global, ele não vê risco direto para o Brasil. Pelo contrário, medidas protecionistas americanas podem abrir oportunidades para o país em mercados como China, México e Canadá.
“O Brasil tem se mostrado um parceiro confiável. Nossa produção não sofre com oscilações políticas ou ideológicas. O foco é garantir o abastecimento interno e continuar expandindo nossas exportações”, destacou.
Exportação não afeta mercado interno
Sobre o impacto das exportações no consumo doméstico, Santin garantiu que não há risco de desabastecimento ou alta de preços. Segundo ele, o Brasil mantém a oferta interna equilibrada e a venda para outros países não compromete a disponibilidade de produtos no mercado nacional.
“O frango brasileiro é o mais barato do mundo, e isso se deve, em parte, às exportações. Com um volume maior de produção, conseguimos diluir custos e garantir preços acessíveis para os consumidores brasileiros”, explicou.
Feiras e promoção internacional
O Brasil tem reforçado sua presença em feiras internacionais para divulgar seus produtos. A participação na Gulfood 2024, por exemplo, gerou mais de US$ 400 milhões em negócios. Durante o evento, empresas brasileiras serviram pratos à base de carne de frango para visitantes, destacando a qualidade e sustentabilidade da produção nacional.
A campanha “Se é frango, é Lar” também foi lembrada na coletiva. Segundo Santin, a iniciativa busca fortalecer a imagem do frango brasileiro no mercado interno e externo. “A qualidade do nosso produto é reconhecida mundialmente, e queremos reforçar isso para o consumidor”, concluiu.
Fonte: Costa Oeste News