A Justiça Federal de Paranavaí, no noroeste do Paraná, aceitou denúncias contra 86 pessoas envolvidas no maior esquema de importação clandestina de anabolizantes e eletrônicos no Brasil, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Os investigados viraram réus dois meses após a deflagração da Operação Celeno, que ocorreu em 16 de junho de 2016.
Eles vão responder por crimes como descaminho ??? quando produtos permitidos entram ou saem do país clandestinamente, sem o pagamento de impostos ???, organização criminosa internacional e favorecimento real ??? quando o acusado presta auxílio aos criminosos e tira algum proveito do crime. Entre os denunciados, estão agentes da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil de São Paulo.
De acordo com a PF, a quadrilha movimentava cerca de R$ 3 bilhões por ano, em mercadorias trazidas clandestinamente para o país. A ação foi um trabalho conjunto do MPF, da Justiça Federal e da PF e apreendeu sete aviões monomotores, utilizados pela quadrilha.
Os processos correm sob sigilo devido à continuidade das investigações, informou o MPF.
A acusação
Segundo o MPF, a organização criminosa era formada por quatro núcleos que agiam no Paraguai e nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. A princípio, foram oferecidas quatro denúncias, uma para cada núcleo identificado. No entanto, as ações foram desmembradas e já resultaram em 41 processos.
As ações tramitam na Justiça Federal de Paranavaí porque, de acordo com o MPF, o aeroporto da cidade era usado por todos os núcleos da quadrilha para o abastecimento e manutenção das aeronaves. As denúncias aceitas narram a realização de 585 voos clandestinos.
Durante as investigações, foi apurado que os quatro grupos, quase diariamente, conduziam aeronaves de Salto Del Guairá, no Paraguai, até pistas clandestinas no interior de São Paulo. As mercadorias eram encaminhadas para entrepostos de armazenamento,de onde eram transportadas por caminhões até os destinatários finais.
Os responsáveis pelos fretes aéreos eram contratados por agenciadores baseados em Foz do Iguaçu, no Paraná, e em cidades do Paraguai. Parte da comercialização dessas mercadorias acontecia em empresas dos próprios contrabandistas, estabelecidas em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo e também na capital paulista.
Pelo menos doze aeronaves eram utilizadas pelos criminosos, e quatro foram apreendidas ao longo da investigação, que se iniciou em 2013. Cada uma das aeronaves apreendidas levava cerca de 600 quilos em mercadorias, num valor estimado de US$ 500 mil por frete.
Em 26 de outubro de 2015, o caso ganhou repercussão nacional quando uma das aeronaves foi forçada a pousar no Aeroporto Edu Chaves, em Paranavaí, depois de ser alvejada pela Força Aérea Brasileira (FAB), quando retornava ao Paraguai.
Já foram apreendidos 112 automóveis, alguns de luxo, e 11 aviões, além de muitos imóveis, joias e dinheiro, no decorrer das investigações, informou o MPF.
A operação
No dia 16 de junho foram cumpridos 138 mandados judiciais, sendo 28 de prisão preventiva, 15 de prisão temporária, 18 de condução coercitiva e 77 de busca e apreensão. Os mandados foram cumpridos em cidades do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
No Paraná, os mandados foram cumpridos em Maringá, Paranavaí, Loanda, Amaporã, Foz do Iguaçu e Londrina. No estado, cinco pessoas foram presas - um piloto em Maringá, três agenciadores de frete em Foz do Iguaçu, e uma funcionária de uma bomba de combustível do aeroporto de Paranavaí. Na fronteira também foram cumpridos três mandados de busca e apreensão.
Fonte: G1