Morreu nesta quarta-feira (31) Jayme Canet Júnior, que foi governador do Paraná entre os anos de 1975 e 1979.
Jaime tinha 91 anos e morreu por falência respiratória, em Curitiba. O corpo do ex-governador será velado às 8h desta quinta-feira (1º) no Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. O enterro será realizado às 16h de quinta, no Cemitério Municipal.
O governo decretou luto oficial no Estado pelo período de três dias.
Canet era paulista de Ourinhos, filho de Jayme Canet e Anita Lopes Canet. O pai, comerciante de café, veio para a promissora região do Norte do Paraná na década de 30. Ele fez seus estudos em Curitiba no grupo escolar 19 de Dezembro e no Ginásio Paranaense. Ainda na década de 40, ingressou na Escola de Engenharia, mas não concluiu a carreira universitária. Optou por seguir na gerência dos muito bem sucedidos negócios da família no comércio e na agricultura, principalmente na ramo da cafeicultura.
Engajou-se na vida política em 1960, ao apoiar e coordenar a campanha do Governador Ney Braga.
Fez o mesmo na sucessão de Ney, ao exercer papel preponderante ao movimento político que levou Paulo Pimentel ao Palácio Iguaçu.
Ocupou importantes cargos na administração pública: presidente da empresa Café do Paraná, do Banco do Estado do Paraná e vice-governador no período de 1973-1975. Eleito governador, pela Assembléia Legislativa a 03 de outubro de 1974, tomou posse a 15 de março do ano seguinte. Ao empossar-se, declarou: "Temos profunda consciência do pesado encargo que representa governar quase dez milhões de paranaenses, em um momento em que o Estado deixa condição secular de essencialmente agrícola e se transforma em predominantemente agro-industrial".
Cafeicultor e pecuarista, e com grande experiência em administração gerencial, realizou um governo dinâmico e progressista. Contou com o clima de Brasília inteiramente favorável ao Paraná, numa fase de grande influência das lideranças paranaenses na administração federal. Tal apoio logístico, político e administrativo, muito lhe valeu na consecução dos altos objetivos a que se propôs. Durante seu período de governo o Paraná deu enorme salto, em todos os setores, experimentando notável crescimento econômico. A agricultura modernizou-se, com a mecanização agrícola e produção de 12 milhões de toneladas de grãos.
Entrou numa fase de acentuada pesquisa tecnológica com o IAPAR e outros organismos técnico-científicos. No campo da energia elétrica, a rede de transmissão e distribuição assinalou significativa expansão. De 11.500 quilômetros de linhas, passou para 20.000 quilômetros. A eletrificação rural alcançou 4.350 quilômetros de extensão.
Desenvolveram-se programas de saneamento, combate à erosão e vacinação em massa. As unidades sanitárias atingiram índices expressivos na assistência à população do interior. O Instituto de Assistência ao Menor remodelou os métodos de atenção aos problemas do menor, mediante duas linhas de ação: a terapêutica e a preventiva. Os serviços de fornecimento de água da Sanepar atingiram 242 sedes municipais e 27 distritos. O consumo industrial de energia elétrica aumentou em 86%. A Telepar espalhou suas redes e linhas de microondas de forma a atender 415 localidades, inclusive na zona rural, DDD em 139 cidades. A capacidade de armazenamento cresceu de 180 toneladas para 440 durante sua gestão governamental.
O impressionante crescimento demográfico obrigou o governo a estabelecer planejamentos adequados. O desenvolvimento econômico teve como complemento a promoção do homem e a distribuição dos frutos do enriquecimento da sociedade. Houve nesses quatro anos acréscimo superior a 50% na oferta de oportunidades educacionais.
Foi, todavia, no setor rodoviário que esse governo deixou as marcas da sua operosidade. Foram pavimentados 4.119 quilômetros de rodovias paranaenses, facilitando os meios de transporte e comunicação entre todas as regiões-econômicas do Estado. Grandes projetos sociais foram postos em execução. Na área penitenciária introduziram-se métodos modernos de reintegração do egresso. Criaram-se vários programas pioneiros, entre os quais o "Programa Themis", "Instituto de Ação Social Laertes Munhoz", Patronatos e outras inovações. Fez-se a reforma administrativa, enxugando a estrutura burocrática e agilizando os meios de administrar com racionalidade e eficiência. Foi realmente um extraordinário período de progresso social e prosperidade econômica.
Após concluir seu governo, com as modificações políticas que se operaram no país, Jayme Canet Junior formou liderança própria. Fundou o Partido Popular, depois absorvido pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Como reconhecimento pelo apoio que assegurou à Educação, foi-lhe concedido o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Paraná.
Fonte: Catve/História biográfica do Paraná