O juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba, revogou a prisão preventiva do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT). Em seu despacho, Moro diz considerar que Mantega não oferece riscos para a "colheita das provas" procuradas pela operação e também considerou o fato de que Mantega acompanhava sua mulher, que sofre de câncer e estava no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde seria submetida a uma cirurgia.
Mantega foi preso pela PF na saída do hospital. "Considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-inistrom acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento", disse Moro no despacho.
A decisão de revogar a prisão foi tomada pelo juiz sem consultar o Ministério Público Federal (MPF) ou a Polícia Federal (PF).
Moro diz que as autoridades responsáveis pela Lava Jato não sabiam que a mulher de Mantega seria submetida a cirurgia nesta quinta-feira. "Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, MPF e deste juízo. Segundo informações colhidas pela autoridade policial, o ato foi praticado com toda a discrição, sem ingresso interno no hospital", escreveu Moro na decisão.
Mantega estava em um hospital no momento da detenção e foi alvo de um mandado de prisão temporária assinado por Moro. A prisão feita no hospital foi alvo de forte repercussão entre petistas, que criticam a falta de "humanidade" e a "covardia" das circunstâncias.
Segundo as investigações, em 2012, o então ministro Mantega atuou diretamente junto ao empresário Eike Batista, à época dono da empresa OSX que havia sido contratada pela Petrobras, para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partidos políticos aliados do governo relativas às eleições de 2010. Em depoimento, Eike declarou que recebeu pedido do ex-ministro para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o PT.
Mantega comandou o ministério entre 2006 e 2014, nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A prisão temporária é decretada em casos específicos e prorrogável por igual período caso comprovada sua necessidade
Moro determinou o bloqueio de contas e investimentos do ex-ministro Guido Mantega e de outros sete investigados na operação Arquivo X, da 34ª fase da Lava Jato.O bloqueio atinge valores depositados até o montante de R$ 10 milhões, mas excluiu os ganhos com salário.
"Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos. Considerando os valores da propina paga, resolvo decretar o bloqueio das contas dos investigados até o montante de dez milhões de reais", escreve o juiz federal, em decisão de agosto, quando autorizou as prisões e os mandados de busca e apreensão da operação.
Mantega, ex-ministro da Fazenda entre 2006 e 2014 nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi preso temporariamente nesta quinta-feira (22).
Segundo as investigações da Lava Jato, em 2012, o então ministro teria atuado diretamente junto ao empresário Eike Batista, dono da empresa OSX que havia sido contratada pela Petrobras, para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partidos políticos aliados do governo.
Fonte: Bem Paraná