Uma doença evitável e tratável já comprometeu o desenvolvimento de pelo menos dez crianças em Foz do Iguaçu. Elas nasceram com a bactéria Treponema pallidum, causadora da sífilis. A coordenação do Programa Municipal de Pré-Natal diz que todas têm sequelas como problemas cardíacos, ósseos e mentais. Nos últimos quatro meses, o programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS) do município registrou mais de 200 casos positivos em adultos. O Ministério da Saúde garante que o país vive uma epidemia de sífilis, considerada uma das doenças mais antigas da humanidade.
Os dados preocupantes foram expostos em treinamento dos profissionais de saúde, que durou três dias. Médicos e enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) foram orientados a notificar todos os casos, aumentando a atenção ao diagnóstico de gestantes, diminuindo o risco de transmissão vertical. "As crianças que nasceram com sífilis tem até dois anos de idade e estão sendo acompanhadas, mas os problemas são irreversíveis. Algumas nasceram cegas e surdas", revelou a ginecologista obstetra Carla Lebiedziejewski, coordenadora do programa de Pré-Natal. A sífilis congênita, transmitida de mãe para filho, ocorre durante a gestação ou parto. A doença provoca aborto, parto prematuro, malformação do feto, deficiência e morte.
O índice de casos infantis no município é considerado alarmante, já que a doença tem tratamento eficaz. "Quando a sífilis é diagnosticada e combatida nos primeiros meses de gravidez, a chance da criança nascer com problemas é muito pequena", explicou a médica. "?? possível combater a doença até 30 dias antes do parto para que o feto seja considerado tratado", completou. Durante a gravidez, a mulher deve solicitar o teste rápido, disponível em todas as UBSs, e cujo resultado sai em 30 minutos. Mas não são somente as gestantes que precisam se preocupar. "Os maridos ou companheiros também devem ser diagnosticados e tratados para interromper a transmissão e garantir a saúde do bebê", advertiu Carla.
O Comitê Municipal de Controle da Mortalidade Materno-Infantil, que investiga mortes de mães e filhos, não registrou óbitos este ano decorrentes da doença. Em 2015, uma criança nasceu e morreu logo em seguida. A mãe, uma adolescente de 16 anos, tinha sífilis.
???Precisamos intensificar os trabalhos juntos às comunidades para identificar as gestantes desassistidas e encaminha-las ao posto de saúde, de forma que todas possam fazer o pré-natal, diagnosticar e tratar a doença. Os agentes comunitários têm um papel muito importante nesse processo, já que vivem nos bairros em que atuam e conhecem os moradores???, afirmou a secretária municipal da Saúde, Patrícia Foster, que vai solicitar aos supervisores dos distritos sanitários atenção ao problema.
Fonte: Massa News