Especialistas que estudam os tremores de terra em Londrina, no Norte do Paraná, divulgaram nesta quarta (13) o primeiro relatório feito com base nos sismógrafos instalados neste mês na cidade. De acordo com a comissão ??? formada por pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade de São Paulo (USP) , somente entre domingo (10) e terça-feira (12), um dos aparelhos registrou oito abalos sísmicos nas regiões do Jardim Califórnia e São Fernando (na zona leste), com intensidade variando entre 1,1 e 1,7 grau na Escala Richter - que vai até 10.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil em Londrina, coronel Rubens Guimarães, os dados são preliminares e ainda serão avaliados mais profundamente. ???As informações registradas nos cartões de memória dos sismógrafos serão encaminhadas para o Centro de Sismologia da USP. Acredito que dentro de uma semana devemos ter dados mais concretos sobre o motivo dos tremores???, informou.
O geólogo e professor da UEL, José Paulo Pinese, explicou que ainda não é possível identificar a precisão da profundidade dos tremores, visto que os dados foram retirados apenas de um único aparelho, que transmite as informações de forma on-line. Preliminarmente, foi apontado que os abalos estão ocorrendo na rocha de basalto, localizada entre 20 e 30 metros de profundidade.
???A princípio, parece que os tremores são naturais. No entanto, é preciso ter cautela. Estamos investigando se alguma atividade humana pode der influenciado os abalos???. De acordo com o geólogo, os aparelhos serão utilizados por 30 dias, com possibilidade de manter alguns deles por mais um mês.
Além da UEL e da USP, equipes da Sanepar também estão envolvidas na investigação dos tremores. Muitos moradores desconfiam que o problema foi causado pelas obras da companhia na região do Jardim Califórnia. Para verificar a situação, a empresa instalou sete medidores de pressão (dataloggers).
Os equipamentos fornecerão dados sobre o comportamento da tubulação, que leva água da Estação de Tratamento Tibagi ??? localizada na Estrada do Limoeiro ??? até reservatórios da região. ???Estamos fazendo a revisão de cálculos da obra para saber se tudo está de acordo com o projetado???, explicou o gerente-geral da Sanepar na região de Londrina, Sérgio Bahls, em entrevista à Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial de comunicação do governo do Paraná.
Tremores sentidos em outras cidades
Desde o mês passado, moradores da zona leste de Londrina vem reclamando da série de tremores, que inclusive, causaram estragos em algumas residências. Além desses casos confirmados pela USP, novos tremores vem sendo percebidos por moradores de outros bairros de Londrina e até mesmo de outras cidades da região metropolitana.
Em Cambé, por exemplo, moradores afirmam ter sentido a terra tremer e ouvido fortes estrondos na noite da última segunda (11) e na madrugada de terça (12). Rachaduras apareceram em algumas residências, como a de Márcia Nunes Miranda, que reside no Jardim Ana Rosa.
???Eu não senti o tremor, mas quando levantei pela manhã percebi que a casa partiu em vários lugares. Apareceram rachaduras em outras casas da vizinhança???, afirmou a moradora, que está preocupada. ???Isso nunca tinha acontecido aqui. Ficamos um pouco apreensivos.???
Além do Jardim Ana Rosa, rachaduras apareceram em outros bairros de Cambé, além de Rolândia, Ibiporã e na zona leste de Londrina. Esses casos também serão investigados pela UEL. ???O excesso de chuva pode provocar acomodação do solo, gerando os tremores. Mas tudo isso precisa ser analisado com cautela???, ressaltou Pinese.
Fonte: Gazeta do Povo